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A Cidade Fantasma da Malásia: O Grande Fracasso do 'Futurismo Sustentável'

2024-11-24

Autor: João

Quando a Country Garden, uma das maiores incorporadoras da China, anunciou Forest City no início da década passada, muitos viam o projeto como um marco audacioso no conceito de 'futurismo sustentável'. Com promessas de ilhas tropicais modernas e acessíveis, a empresa atraía investimentos com entusiasmo, oferecendo aos compradores a possibilidade de ganhar vistos especiais e cidadania malaia.

Esse modelo de negócios, que funcionava bem na China, enfrentou enormes desafios quando a Country Garden tentou replicar o sucesso internacionalmente. As obras de Forest City foram suspensas em 2014 devido a preocupações ambientais levantadas pelo governo de Singapura. Apesar de certo alívio com a presença do primeiro-ministro malaio Najib Razak na inauguração do projeto em 2016, as coisas não melhoraram. O governo chinês, preocupado com a fuga de capitais, impôs restrições sobre a compra de propriedades no exterior, minando a base de compradores que Forest City precisava.

Com a entrada da pandemia e a instabilidade política na Malásia, a situação somente piorou. Um esforço do governo de revitalizar a cidade, transformando-a em uma zona financeira especial, não pareceu trazer o resultado desejado. O que se vê hoje é uma cidade praticamente deserta, uma caricatura da megalomania de seus planejadores.

Em visitas recentes, o "The New York Times" encontrou edifícios trancados e shoppings vazios, com andares de apartamentos completamente escuros. Pelo que se sabe, apenas cerca de 9 mil dos 700 mil moradores projetados realmente habitam a cidade, e muitos dos apartamentos adquiridos estão nas mãos de investidores que nem sequer residem lá, mas sim alugam suas propriedades.

O projeto de Forest City prometia todos os atributos de uma cidade moderna, como eficiência energética e baixo impacto ambiental. No entanto, a realidade foi mais dura do que a ilusão. A construção danificou áreas ecológicas cruciais, com evidências de que a cidade estava afundando devido aos danos causados pela construção rápida sobre solos instáveis.

Além disso, barreiras linguísticas e éticas surgiram à medida que as ruas de Forest City estão predominantemente sinalizadas em chinês, ignorando a população local. A falta de conexão com a cultura malaia e os altos preços dos imóveis alienaram os moradores, que agora se sentem incapazes de participar do desenvolvimento de um espaço que não foi feito para eles.

A história de Forest City se assemelha à de tantas cidades ao redor do mundo que, embaladas por promessas de progresso e modernidade, encontram-se abandonadas, tornando-se simbolicamente um alerta contra a megalomania e a superficialidade do desenvolvimento urbano. Em um mundo onde o verdadeiro significado de 'sustentabilidade' e 'futurismo' está em questão, Forest City permanece como um lembrete sombrio de que nem sempre o sonho se transforma em realidade.