A corrida contra o tempo para salvar o atum-rabilho do impacto das mudanças climáticas
2024-12-22
Autor: Pedro
Em 2019, Kiyoshi Kimura, um dos magnatas do sushi, desembolsou a impressionante quantia de US$ 3,1 milhões (aproximadamente R$ 18,7 milhões) em um leilão de atum-rabilho em Tóquio, o que fez desse atum de 278 kg o mais caro da história. O atum-rabilho (também conhecido como bluefin) é considerado a espécie de peixe com maior valor comercial do mundo, especialmente apreciado em pratos como sushi e sashimi.
A pesca excessiva, impulsionada pela alta demanda do mercado global, tem colocado essa espécie à beira da extinção. Em 2010, a população de atum-rabilho havia diminuído drasticamente, levando a uma série de esforços internacionais para regulamentar sua captura. Atualmente, existem três espécies de atum-rabilho: o do Atlântico, do Pacífico e do Sul, cada um apresentando padrões migratórios e hábitos alimentares distintos.
Recentemente, no entanto, a situação do atum-rabilho começou a melhorar. A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) reclassificou o atum-rabilho do Atlântico de "ameaçado" para "menor preocupação", comentando que ações efetivas de proteção e quotas mais sustentáveis contribuíram para a recuperação populacional.
Infelizmente, uma nova ameaça se ergue: as mudanças climáticas. Pesquisas mostram que o atum-rabilho é sensível a variações de temperatura, as quais afetam diretamente seu metabolismo e hábitos de reprodução. Cientistas alertam que, assim como a espécie, outros organismos marinhos e as comunidades que dependem da pesca estão em risco.
Com um impressionante tamanho que varia entre 1,8 e 3 metros, o atum-rabilho é um superpredador e desempenha um papel crucial nos ecossistemas oceânicos. Contudo, as alterações climáticas de fato mudam os padrões migratórios da espécie, conforme evidenciado por estudos que indicam que os atuns-rabilho estão se deslocando progressivamente mais para o norte, em busca de águas mais frias.
Um estudo dos EUA aponta que essas mudanças nas migrações estão ocorrendo a uma velocidade de 4 a 10 km por ano no litoral, e cientistas irlandeses confirmaram esta tendência, observando que atuns gigantes se afastaram de suas rotas tradicionais, passando a explorar novos habitats em direção à Islândia.
Além disso, a Elevação das temperaturas do Mediterrâneo, um dos principais locais de desova do atum-rabilho, está prevista para aumentar entre 1 e 3 graus Celsius até o final do século. Um estudo na Universidade de Southampton descobriu que temperaturas superiores a 28 graus Celsius prejudicam o desenvolvimento dos ovos de atum, colocando mais em risco a continuidade da espécie.
As comunidades de pescadores enfrentam um dilema, pois frequentemente dependem das migrações do atum para garantir sua subsistência. Buzzi, da WWF, ressalta que as históricas rotas migratórias do atum estão ficando cada vez mais imprevisíveis, o que pode alterar radicalmente a dinâmica das indústrias pesqueiras sustentáveis.
Para salvar o atum, urge a necessidade de uma resposta conjunta dos governos e organizações internacionais para desenvolver políticas de proteção mais eficazes e adaptadas aos novos padrões migratórios decorrentes das mudanças climáticas. Apesar dos esforços iniciais e da recuperação significativa da espécie, a ameaça da extinção ainda paira sobre o atum, sendo um lembrete de que as intervenções humanas devem ser equilibradas para proteger esse tesouro marinho.