
A Europa não pode repetir os seus erros na Turquia
2025-03-29
Autor: Julia
Nos últimos dias, a Turquia se tornou o epicentro de uma crise política sem precedentes, que coloca em risco o futuro democrático do país. O prefeito de Istambul, Ekrem İmamoğlu, foi afastado de seu cargo e preso sob acusações de corrupção, pouco antes das primárias presidenciais do principal partido de oposição. Esta ação provocou os maiores protestos na Turquia em mais de uma década, mas há muito mais em risco do que a liberdade de um único político.
Os jovens turcos, especialmente os universitários, estão na linha de frente desta luta, sentindo que o governo de Erdoğan ultrapassou a linha entre um regime autoritário e uma autocracia totalitária, semelhante àquela da Rússia. A desesperança e a indignação são palpáveis; manifestantes questionam onde está a União Europeia, que frequentemente se manifesta em prol da democracia e dos direitos humanos, enquanto eles enfrentam repressões violentas em nome da liberdade.
Os protestos demonstraram a resistência e a determinação do povo turco. Aproximadamente 15 milhões de pessoas votaram em İmamoğlu, um número que supera os votos totais do partido durante as eleições de 2023, indicando um forte desejo de mudança. Entretanto, a estrada é pedregosa; as próximas eleições têm um intervalo de três anos e a pressão policial tem aumentado, levando a temores sobre a viabilidade da oposição diante da intimidação.
Além disso, a questão econômica da Turquia é alarmante. O país atravessa uma crise financeira, e a prisão de İmamoğlu prejudicou os esforços do ministro das Finanças para atrair investidores estrangeiros. Assim, se a situação não se estabilizar em breve, é provável que os problemas econômicos se tornem ainda mais profundos, colocando em risco a já frágil situação do país.
Os líderes ocidentais têm muito a se preocupar com o que está se desenrolando na Turquia. O presidente Erdoğan parece estar explorando um contexto internacional propício para fortalecer seu regime, especialmente com Donald Trump novamente na Casa Branca, que parece menos interessado em defender os valores democráticos globalmente. Enquanto isso, Erdoğan tem certeza de que a Europa, que se preocupa em garantir apoio militar da Turquia, pode fechar os olhos para suas ações antidemocráticas em troca de vantagens estratégicas.
Este momento representa uma encruzilhada crítica na política turca, e a Europa não pode cometer os mesmos erros do passado, onde priorizou interesses políticos sobre os princípios democráticos. A defesa contra a Rússia e a segurança no continente não são suficientes para combater a ascensão da autocracia. Os líderes europeus precisam levantar suas vozes em apoio à população turca, reafirmando que eles não estão sozinhos nesta luta por um futuro democrático e livre.