A tensão entre Steve Bannon, ex-conselheiro de Donald Trump, e Elon Musk, magnata da tecnologia, atingiu novos níveis recentemente. Bannon não hesitou em rotular Musk de ‘racista’ e ‘do mal’, prometendo fazer o possível para isolar o bilionário influente na nova administração da Casa Branca.

O motivo para essa feroz crítica está ligado à política de imigração, um dos temas centrais da campanha de Trump. O ex-conselheiro, que havia sido demitido durante o primeiro mandato do ex-presidente, voltou à cena política com um objetivo claro: esfriar o apoio que Musk tem recebido. Ele se opõe particularmente à concessão de vistos H-1B, utilizados para trazer profissionais qualificados para os EUA, e afirmou que Musk deve ser tratado como qualquer outra pessoa, sem privilégios especiais.

— Ele é um cara verdadeiramente maligno, e fiz disso minha questão pessoal. Farei com que Elon Musk não tenha acesso total à Casa Branca — disparou Bannon.

O envolvimento de Musk vai além das críticas. Ele tem sido um dos maiores financiadores da campanha republicana, gastando cerca de US$ 270 milhões e, após a vitória de Trump, foi nomeado para liderar um novo departamento governamental focado na eficiência. Este departamento, apelidado de DOGE, tem como principal objetivo reformar e cortar gastos do governo americano em até US$ 2 trilhões, um quarto do orçamento total.

Através de sua influência, Musk defendeu a imigração legal, especialmente a vinda de engenheiros qualificados. Ele comparou a necessidade de recrutar talentos com a dinâmica de uma equipe esportiva, afirmando que “se você quer que sua equipe vença, precisa trazer os melhores talentos de onde quer que eles estejam”. Essa posição, no entanto, desagradou muitos dos apoiadores mais fervorosos de Trump, que veem a imigração como uma ameaça aos empregos para os americanos.

— É todo um sistema de imigração sendo manipulado pelos magnatas da tecnologia. O povo está furioso — afirmou Bannon, levantando preocupações sobre a influência de imigrantes no mercado de trabalho americano, especialmente em um momento em que muitos americanos estão lutando para conseguir emprego após os efeitos da pandemia.

Os ecos dessa disputa já estão afetando outras parcelas da sociedade, como estudantes brasileiros nos Estados Unidos, que estão preocupados com mudanças na política migratória que podem surgir caso Trump e seus aliados implementem novas restrições. A incerteza com relação ao futuro pode levar a uma onda de deportações e a um retorno ao país natal de muitos brasileiros — uma situação alarmante dada a instabilidade política atual.

A ex-embaixadora da ONU, Nikki Haley, também se juntou ao coro de críticas, afirmando que o foco deve ser na valorização dos trabalhadores americanos. “Não há nada de errado em priorizar o que temos. O que precisamos é investir em nossa força de trabalho”, declarou, evidenciando a divisão interna dentro do Partido Republicano.

Enquanto isso, o embate entre Bannon e Musk continua a chacoalhar as estruturas do partido e coloca a imigração no centro das discussões políticas, uma questão que promete emocionar ainda mais as eleições futuras e moldar o futuro da política americana.