Tecnologia

A IA Pode Cortar Mais de 20% da Receita de Criadores de Música e Cinema: Uma Nova Era de Desafios?

2024-12-04

Autor: Pedro

A inteligência artificial (IA) está prestes a provocar uma revolução no setor audiovisual, com projeções alarmantes de que os criadores podem ver suas receitas reduzidas em até 21%. Segundo um estudo da CISAC, as diferenças de impacto variam conforme a profissão, com diretores enfrentando uma queda de cerca de 15% e roteiristas podendo perder até 20% de suas remunerações.

Entretanto, o grupo mais afetado pode ser o de tradutores e adaptadores de textos, que poderiam sofrer perdas de até 56% em um período de cinco anos devido à automação crescente. A rápida substituição destes profissionais por sistemas de IA é uma realidade nas indústrias criativas, levando muitos a se questionarem sobre o futuro de suas carreiras.

A CISAC, que representa 227 sociedades de criadores em 116 países, tem se posicionado como uma voz essencial na defesa dos direitos dos criadores frente a esses desafios. Em um cenário onde as discussões sobre as novas legislações estão apenas começando, Björn Ulvaeus, presidente da CISAC e membro do icônico ABBA, manifesta sua preocupação: "Não estamos na mesa debatendo com a indústria. O uso da IA não está alinhado ao debate sobre direitos autorais."

Gadi Oron, diretor-geral da CISAC, enfatiza a urgência de uma solução global, citando que a instituição representa cerca de seis milhões de criadores ao redor do mundo. Ele ressalta como a situação atual difere das lutas contra a pirataria, que mobilizaram a comunidade criativa duas décadas atrás. "Hoje, a IA está aqui para ficar. Precisamos aprender a coexistir com ela, e isso exige leis transparentes."

Recentemente, durante uma apresentação à imprensa, figuras como Angeles González-Sinde Reig, vice-presidente da CISAC e diretora de cinema, e Marcelo Castello Branco, presidente do conselho da CISAC, destacaram a necessidade de um ambiente justo que garanta uma remuneração adequada aos criadores, sem querer limitar o avanço da IA. Para González-Sinde, a criatividade humana vai além da lógica e inovação impulsionada pela IA: "Continuaremos a produzir obras que surpreendem e desafiam expectativas. Isso é a essência da criação humana."

O estudo realizado pela PMP Strategy também incluiu um apelo da CISAC para que os legisladores protejam os direitos dos criadores, especialmente em relação ao material básico que a IA utiliza para seu 'aprendizado'. Ulvaeus fez uma comparação pertinente: "Assim como um músico se inspira em Beatles, que foram compensados por seu trabalho, o material gerado pela IA não remunera a origem de sua inspiração."

A CISAC está empenhada em divulgar ao máximo as repercussões do estudo, com o objetivo de estimular discussões que levem à criação de leis e mecanismos eficazes de controle. Se os criadores conseguirem assegurar sua presença nas mesas de debate, poderão moldar um futuro onde a tecnologia e a criatividade humana coexistam de maneira justa e sustentável.