A Identidade Falsa de um Juiz: Os Mistérios por Trás dos Nomes de Edward, Lancelot e Outros
2025-04-06
Autor: Pedro
Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield. Esse nome extravagante pertence a José Eduardo Franco dos Reis, um juiz aposentado que, segundo o Ministério Público de São Paulo, tem um passado obscuro de falsidade ideológica e uso de documentos falsos por mais de 40 anos.
Mas de onde vem esse conjunto incomum de nomes? A resposta pode estar nas páginas da literatura inglesa. Ana Luisa Lellis, crítica literária e mestre em literatura inglesa, explicou em entrevista que essa combinação parece ser uma fusão de personagens de ficção, nem sempre figuras respeitáveis. Nomes como Lancelot, um dos cavaleiros mais famosos da Távola Redonda do Rei Arthur, e referências aos "Contos de Canterbury", uma obra-prima da literatura britânica, surgem como inspiração para as identidades que ele forjou. Ademais, Mr. Wickfield, uma figura do romance "David Copperfield" de Charles Dickens, choca pela semelhança com sua identidade falsificada.
A farsa foi descoberta de maneira inusitada quando, no mês de outubro, ele foi ao Poupatempo, uma autarquia do governo paulista, para solicitar uma segunda via de sua carteira de identidade. Desde dezembro, ele era considerado um fugitivo da justiça.
Segundo a Polícia Civil, José Eduardo Franco dos Reis é natural de Águas da Prata, no interior de São Paulo. Seu primeiro RG foi emitido em 1973, e, segundo os registros, ele teria nascido em março de 1958. No entanto, o que choca é que em setembro de 1980, ele obteve um novo registro sob o nome de Edward Wickfield, alegando ser filho de uma linhagem nobre britânica. Ele se apresentava como descendente de Richard Lancelot Canterbury Caterham Wickfield e Anna Marie Dubois Vincent Wickfield.
Formou-se em Direito pela Universidade de São Paulo em 1992 e, com sua aprovação no concurso para Juiz de Direito em 1995, passou a exercer a magistratura até sua aposentadoria em 2018. Um aspecto curioso sobre esse caso é que a fragilidade na integração dos sistemas de documentos permitiu a manobra dela.
O Ministério Público solicitou a anulação de todos os documentos obtidos em nome falso, incluindo CPF. Medidas cautelares foram sugeridas, como a entrega do passaporte do acusado e sua proibição de deixar a cidade onde reside.
A defesa de José Eduardo Franco dos Reis ainda não se manifestou, mas a questão sobre a identidade e o papel que ele desempenhou como juiz traz reflexões profundas sobre a confiabilidade das instituições e a necessidade de uma revisão nos sistemas de registro civil. O que mais poderá ser descoberto sobre esse intrigante caso? A busca por respostas continua!