"Fez-se justiça com Vinicius." Esta é a afirmação que inicia um artigo de opinião do jornal espanhol AS em relação ao brasileiro que foi coroado como o melhor jogador do mundo no prêmio The Best da FIFA, na última terça-feira (17).

Embora se reconheça que o AS possui uma inclinação para o Real Madrid, a análise traz à tona aspectos relevantes. Um deles é que o The Best é considerado um prêmio “democrático”. Em contraste com a Bola de Ouro da France Football, onde Vini terminou em segundo lugar atrás do espanhol Rodri, essa afirmação se mantém. Enquanto no prêmio da France Football apenas cem jornalistas de diferentes países votam, no The Best, a votação envolve capitães e treinadores de seleções nacionais, jornalistas e milhares de torcedores, cada segmento com um peso igual de 25%.

Estudos recentes mostram que, durante a votação, Vinicius foi muito mais popular entre os torcedores do que Rodri. No entanto, europeus, incluindo capitães e treinadores, optaram pelo espanhol, o que levanta questões sobre a vacina do eurocentrismo nas premiações.

A cobertura da imprensa esportiva britânica sobre os dois prêmios foi superficial. A cerimônia do The Best coincidiu com um evento popular da BBC que premia personalidades esportivas do ano, além de notícias de doping envolvendo jogadores do Chelsea. Além disso, o prêmio, normalmente realizado na Europa, ocorreu em Doha, Qatar, com pouco tempo para organização, resultando em uma presença reduzida de jornalistas.

É desanimador que um país como a Inglaterra, que é apaixonado por futebol e se orgulha de sua seleção, tenha ignorado discussões fundamentais. Durante a premiação da Bola de Ouro, por exemplo, o foco da mídia foi criticar o boicote do Real Madrid ao evento, ao invés de abordar a importância da manifestação de Vinicius contra o racismo e o impacto que isso teve nos votos.

Por outro lado, a noite do The Best também deixou uma marca positiva para o Brasil. Marta foi homenageada com o novo prêmio que leva seu nome, para o gol mais bonito da categoria feminina, um feito registrado em um amistoso contra a Jamaica. Gabi Portilho, jogadora brilhante do Corinthians, foi nomeada para a seleção da temporada, enquanto o Troféu Fair Play foi concedido a Thiago Maia do Internacional, pela sua ação heroica no resgate de vítimas de enchentes no Rio Grande do Sul. Além disso, o jovem Gui, um torcedor símbolo do Vasco que enfrenta uma doença rara, também recebeu uma homenagem, iluminando ainda mais a noite brasileira.

Esta conquista não é apenas um reconhecimento no futebol, mas também uma celebração da diversidade e resistência em esportes. Essa é a verdadeira essência do prêmio.