Uma recente pesquisa divulgada na revista Nature Communications trouxe à luz a mina de ocre mais antiga do mundo, datando de impressionantes 48 mil anos. Localizada na Caverna do Leão, em Ngwenya, Eswatini (antiga Suazilândia), essa descoberta fascinante revela não apenas a antiguidade da mina, mas também a profunda conexão dos seres humanos com o ocre ao longo da história.

Para quem não sabe, o ocre é um pigmento natural utilizado desde os tempos pré-históricos, sendo um dos materiais mais versáteis na composição de corantes, desde as pinturas rupestres do Paleolítico Superior até os cosméticos modernos. Esse pigmento, composto principalmente por argila e óxidos de ferro, apresenta cores que variam do amarelo ao vermelho intenso, e serve como uma janela para a expressão artística dos nossos antepassados.

A pesquisa envolveu a criação de uma 'impressão digital geoquímica' do ocre encontrado na caverna, utilizando técnicas avançadas, incluindo a espectroscopia Raman, que analisa as vibrações das moléculas para identificar minerais específicos. Os cientistas também tornaram radioativas pequenas amostras do ocre, permitindo identificar sua origem e reconstruir antigas rotas de comércio.

Essa mina é relevante não apenas por sua idade, mas pelo seu valor cultural. O uso do ocre em rituais e pinturas sugere que ele desempenhou um papel crucial na vida espiritual e simbólica das comunidades que o utilizavam. Pesquisadores como Brandi MacDonald, da Universidade de Missouri, ressaltam a importância de entender como o ocre foi extraído e utilizado, ressaltando as inovações tecnológicas das sociedades antigas e sua criatividade.

Além de seu uso estético e cultural, estudos recentes apontam que o ocre possui propriedades antibacterianas, levantando a possibilidade de seu uso medicinal no passado, o que pode mudar nossa percepção sobre como os humanos primitivos utilizavam recursos naturais para sua sobrevivência.

Essa descoberta não apenas ilumina o passado, como também provoca reflexões sobre a importância de preservar nosso patrimônio cultural e natural. A mina de ocre de Ngwenya é, sem dúvida, um tesouro que oferece um panorama valioso sobre a história da humanidade e suas práticas artísticas.