A Netflix lançou com pompa e circunstância, na noite desta segunda-feira (9), em Bogotá, Colômbia, o aguardadíssimo primeiro episódio da série "Cem Anos de Solidão", que se inspira na obra-prima de Gabriel García Márquez.

Considerada uma das produções mais esperadas do ano, essa série não é somente a adaptação de um clássico da literatura, mas um desafio colossal: como trazer para as telas um livro que García Márquez, em vida, relutou em ver adaptado? Sabia-se que a obra tinha uma legião de fãs e uma complexidade narrativa que assustava até os mais experientes cineastas.

No episódio inaugural, que ainda não está disponível na plataforma, a série faz uma promessa audaciosa: adotar uma ordem cronológica, diferente do que o autor fez no livro. E essa promessa é cumprida magistralmente. Desde a primeira cena, somos transportados para uma cidade arruinada que remete imediatamente a Macondo, onde um homem, profundamente absorto em um livro, parece registrar a saga da família Buendía.

Logo de cara, a série nos introduz a eventos que precipitam a migração de José Arcadio Buendía e Úrsula Iguarán. Esta escolha narrativa visa dar um início mais sombrio à história, ressaltando um tom quase bíblico com o assassinato que José Arcadio comete em um duelo, trazendo à tona a assombração do espírito do homem morto. Um desvio audacioso e que promete instigar debates entre os fãs do livro.

Enquanto no romance a narrativa do êxodo é revelada apenas tardiamente, na série, ela se torna uma questão central desde as primeiras cenas, provocando um clima de tensão que permeia toda a produção.

A estreia ocorreu no Museu El Chicó, onde a Netflix também organizou uma exposição fascinante, apresentando figurinos e objetos icônicos da obra - como a gigantesca pedra de gelo vista pelo coronel Aureliano Buendía e o livro de Melquíades que narra a história de sua família. Os animaios de caramelo, vendidos por Úrsula em Macondo, também ganharam destaque, reforçando a conexão entre a série e a cultura rica da América Latina.

No evento, o vice-presidente de conteúdo da Netflix para a América Latina, Francisco Ramos, fez um compromisso sério com a família de García Márquez: a série manteria sua essência, seria filmada em espanhol e na Colômbia. Rodrigo Garcia, filho do autor, apoiou a iniciativa ao dizer: "Vejo a série como uma companhia para o livro. Embora não se possa reproduzir a imagem que cada leitor tem em sua mente, a série pode trazer à tona a vida que foi vivida." Isso acrescenta uma expectativa a mais para os entusiastas da obra.

A série, dirigida por Laura Mora e Alex García Lopez, estreia nesta quarta-feira (11), prometendo encantar e surpreender tanto os fãs de longa data quanto os novatos. Prepare-se para uma jornada que pode transformar a maneira como você vê "Cem Anos de Solidão"! Não perca!