A Polêmica em Torno das Terapias Para Autistas: O Que Você Precisa Saber
2024-12-16
Autor: Mariana
No final de novembro, surgiu uma polêmica que abalou a comunidade autista no Brasil. Dois pareceres assinados pelo Ministério da Saúde e pelo Conselho Nacional de Justiça questionaram a eficácia das abordagens terapêuticas mais utilizadas para tratamento de autistas: a ABA (Análise Comportamental Aplicada) e o modelo Denver, que é uma versão mais social e lúdica da ABA.
De acordo com os pareceres, elaborados pelos núcleos de Avaliação de Tecnologias em Saúde e do Hospital Sírio-Libanês, os benefícios dessas abordagens foram considerados "incertos". Essa declaração pode impactar diretamente a acessibilidade a tratamentos e pode gerar uma nova onda de desinformação sobre as intervenções disponíveis para crianças no espectro autista.
Em entrevista ao blog, Giacomo Vivanti, professor associado e diretor do programa de intervenção e detecção precoce do Instituto de Autismo Drexel, na Filadélfia, criticou essa visão e destacou a robustez das pesquisas que comprovam a eficácia da ABA e do Denver. Ele argumenta que a negação das evidências científicas não apenas marginaliza os autistas, mas também perpetua a falta de atendimento às suas necessidades. Vivanti afirma: "Quando há demandas não atendidas, como as de crianças no espectro do autismo e suas famílias, precisamos agir, mesmo com conhecimento limitado, desde que haja uma base sólida de evidências para apoiar a intervenção".
As críticas aos pareceres são diversas. Eles alegam que a abordagem ABA tem um histórico de evidências científicas limitadas, mas essa afirmação ignora revisões rigorosas que demonstram a eficácia de intervenções precoces baseadas nos princípios da ABA. Além disso, o modelo Denver, que foi desenvolvido em diversos países e replicado com sucesso, também recebe sua cota de críticas, fundamentadas em dados desatualizados ou limitados.
É essencial entender que ABA não é um único método, mas sim uma disciplina que abriga uma variedade de abordagens. Dentro dessa variedade, é importante separar a Intervenção Comportamental Intensiva Precoce (EIBI) das Intervenções Comportamentais Naturalísticas do Desenvolvimento (NDBIs). Enquanto a EIBI se apoia em conceitos tradicionais da ABA, as NDBIs integram conhecimentos de diversas áreas, como psicologia do desenvolvimento, e têm demonstrado ser as abordagens mais modernas e eficazes atualmente.
Recentemente, críticas semelhantes surgiraram sobre as evidências da ABA, especialmente da 'velha escola', conhecida por sua excessiva busca pela "normalização" do comportamento. Essa abordagem é vista por alguns como inconsistente com os princípios da neurodiversidade, que defendem a valorização de identidades variadas. Por outro lado, modelos mais contemporâneos, como o Denver, foram desenvolvidos em resposta a essas críticas e têm sido aceitos por diversos especialistas e pela própria comunidade autista.
Fique atento a essas discussões, pois as deliberações sobre as terapias para autistas podem ter um grande impacto na vida de muitas crianças e suas famílias. É crucial que as famílias conheçam as diferentes abordagens, consultem profissionais qualificados e considerem a validade das evidências antes de tomar decisões sobre tratamentos. O futuro da terapia para autistas pode estar em jogo, e sua voz é fundamental nesse debate!