Mundo

A Profundidade da Ignorância: Marçal, Milei e Maduro em Foco

2024-10-06

Nos dias atuais, pessoas mais esclarecidas que ainda valorizam a leitura de jornais diários têm se mostrado desanimadas com a crescente produção intencional de ignorância, estimulada por figuras como Pablo Marçal e Javier Milei. No entanto, muitos ainda se recusam a reconhecer que tanto a ciência quanto a razão estão sob ataque, especialmente nas mãos de líderes como Nicolás Maduro.

Embora seja verdade que a ciência e a razão já foram utilizadas para perpetuar males, como a eugenia e a neglicência em relação ao aquecimento global, isso não justifica descartá-las. É preciso regulamentar as inovações, como a inteligência artificial, ao invés de temê-las. O avanço tecnológico, quando usado de forma ética, pode proporcionar um salto significativo na produtividade e na qualidade de vida.

Infelizmente, as ideias delirantes promovidas por autoproclamados coaches têm se disfarçado de conhecimento científico. Um exemplo é um lombrosiano que, na condição de ex-coach, tenta justificar a subordinação feminina afirmando que mulheres possuem um crânio menor e, portanto, seriam menos capacitadas para liderar.

Misturar sucesso com conceitos como física quântica, DNA e 'vibrações' tornou-se uma prática comum, especialmente em tempos de crise. Muitas pessoas, desesperadas por uma saída de suas vidas miseráveis, acabam se deixando levar por essas promessas vazias, caindo também na teologia da prosperidade.

Javier Milei, por exemplo, tem o direito de oferecer serviços como coach de sexo tântrico, mas é alarmante que essa figura tenha sido eleita presidente da Argentina. Milei se comprometeu a privatizar a pesquisa científica, ameaçando extinguir o Conselho Nacional de Investigações Científicas e Técnicas (Conicet), embora até o momento essa ação não tenha sido concretizada. O Conicet ainda existe, mas seu orçamento extremamente limitado, frente a uma inflação de 237%, resultou na drástica redução das bolsas de pesquisa de 1.300 para apenas 600.

É chocante perceber que muitos críticos de Milei se recusam a enxergar a Venezuela, onde o desastre econômico e social, provocado por um socialismo delirante, se mostra ainda mais grave. Enquanto a produção científica da Argentina e do Brasil está longe de ser perfeita, é inegável que Maduro tem gerado um êxodo significativo de cientistas.

Recentemente, a revista Nature publicou uma reportagem que destaca o temor entre os pesquisadores sobre o fim iminente da ciência na Venezuela. Este artigo, assinado por Luke Taylor, revela que a fuga dos profissionais da área não se dá apenas por falta de financiamento, mas pela crescente censura e controle sobre a pesquisa científica no país.

No relatório do Ministério do Poder Popular para Ciência e Tecnologia, é mencionado um total de 24 mil profissionais trabalhando em P&D, mas especialistas alertam que esse número pode incluir até trabalhadores de manutenção. Pesquisas apontam que, na verdade, sobraram menos de 7.100 cientistas ativos no setor.

A crise bolivariana é alarmante: de um PIB de 373 bilhões de dólares em 2012, a economia despencou para apenas 106 bilhões em 2020. Estima-se que cerca de 8 milhões de pessoas tenham deixado o país, representando aproximadamente um quarto da população total.

Alguns responsáveis pela tragédia venezuelana tentam atribuir as dificuldades ao efeito catastrófico das sanções impostas pelo imperialismo, especialmente pelos Estados Unidos. Embora seja válido reconhecer a manipulação das eleições para sustentar uma ditadura, essa narrativa se torna uma contradição frequentemente utilizada para defender regimes como o de Cuba, Nicarágua e China.

Essa realidade expõe uma cegueira ideológica que vai muito além da simples desinformação; é a consequência de um processo deliberado de disseminação de ignorância que se alinha com as ações de Marçal e Milei.