Nos últimos três anos, os campeonatos brasileiros têm apresentado um cenário inesperado, especialmente quando olhamos para as médias de público das competições. Até então, era compreensível que os torneios com as maiores médias fossem dominados por títulos do Flamengo e um do Palmeiras. No entanto, nos últimos dois campeonatos, as médias de público superaram as expectativas, atingindo 26.502 em 2023 e 25.781 em 2024.

Mesmo com essa nova realidade, o desempenho do Flamengo e do Corinthians nos planos de sócios-torcedores é alarmante. Enquanto o Flamengo alcançou uma média de 51 mil torcedores nos jogos, o Corinthians ficou com 44 mil, ocupando o 14º lugar em número de sócios adimplentes até dezembro.

O que pode ter causado essa situação perplexa? Para o Flamengo, a realidade é uma combinaçãode desvantagens. Muitas condições limitam os sócios rubro-negros na compra de ingressos, especialmente aqueles que residem fora do Rio de Janeiro. Em contrapartida, o Palmeiras, que lidera com impressionantes 197 mil sócios, oferece vantagens claras e seguras na compra de ingressos a quem comparece aos jogos.

Ambos os clubes, Flamengo e Corinthians, têm seus programas voltados para premiar a assiduidade, mas as recentes mudanças têm gerado muito desconforto entre os torcedores. No Flamengo, as prioridades ficam para aqueles que pagam mais, representando um paradoxo para o clube com a maior torcida do Brasil.

Além disso, é intrigante notar que o Corinthians, que figura como a maior torcida em São Paulo, ainda fica atrás de três rivais na categoria de sócios-torcedores: o Palmeiras, o São Paulo (com 57 mil) e o Santos (com 46 mil). Essa realidade desta situação levanta uma série de questionamentos sobre as estratégias de engajamento das torcidas e a eficiência dos programas oferecidos. Como dois dos clubes mais icônicos do Brasil se tornaram reféns de suas próprias estruturas?

Num momento em que a paixão pelos times está em alta, a gestão deficiente dos programas de sócios-torcedores pode explicar o desinteresse por parte dos torcedores. A pergunta que fica é: o que Flamengo e Corinthians poderão fazer para reverter essa situação e recuperar a confiança de seus torcedores?