É unânime: os estudantes brasileiros estão indo de mal a pior em matemática, conforme apontam as provas do Pisa. Essa situação não é culpa dos alunos, mas sim de um sistema de ensino falho. Enquanto isso, as elites do país – congressistas, juízes, promotores, economistas e empresários de alto escalão – não têm desculpas para ignorar a importância da matemática e da lógica em suas decisões.

A emergência climática, o maior desafio que enfrentamos atualmente, deveria ser tratada com seriedade e transparência, mas tem sido alvo de enganosas promessas oficiais. O governo brasileiro se comprometeu a zerar as emissões nacionais de CO2 e outros gases de efeito estufa até 2050, mas as ações concretas indicam que estamos seguindo na contramão desse compromisso.

As emissões de carbono no Brasil têm origem principalmente na agropecuária, responsável por três quartos do total. O país não apenas desmata grandes biomas como o cerrado e a Amazônia, mas também realiza queimadas para ampliar áreas de pastagem e libera grandes quantidades de metano devido à digestão do gado – que, ironicamente, é mais numeroso do que a própria população brasileira.

É verdade que o desmatamento na Amazônia diminuiu, mas a situação no cerrado se agrava, com um aumento significativo de queimadas. A COP30, que será sediada em Belém, no Pará, traz à tona um paradoxo: enquanto o governador Helder Barbalho (MDB) promove a venda de créditos de carbono, seu estado sofre com o aumento de incêndios.

A conta simplesmente não fecha. A Petrobras, por exemplo, apresenta um discurso sobre mobilizar a renda proveniente do petróleo para financiar a transição energética, o que é paradoxal ao tentar usar gasolina para apagar as chamas do aquecimento global.

Seria impensável que um diretor de Transição Energética e Sustentabilidade de uma empresa de energia fóssil – no caso, Mauricio Tolmasquim – defendesse que em 2050 ainda haveria exportação de combustíveis fósseis. Isso vai contra a meta de zerar emissões, correto?

Concluindo, enquanto continuarmos a queimar petróleo, a concentração de CO2 na atmosfera continuará a crescer. Produtores e consumidores de combustíveis fósseis não vivem em realidades separadas e, além disso, as tecnologias para captura e armazenamento de carbono ainda são uma miragem, economicamente inviáveis. O futuro do Brasil e do mundo depende de ações urgentemente eficazes e coerentes. Será que estamos prontos para essa transformação?