Pesquisas recentes do Instituto Feinstein de Pesquisa Médica, em Nova York, colocaram em dúvida a eficácia de muitos tratamentos tradicionais aplicados a idosos, revelando que eles podem não trazer os benefícios esperados que tantos acreditam.

O estudo mergulha em práticas comuns, frequentemente aceitas sem questionamento no ambiente hospitalar, mas que agora estão sob uma nova luz devido a investigações rigorosas.

Entre os tratamentos analisados estão: a utilização de líquidos espessados para pacientes com demência, a interrupção de medicamentos para controle da pressão arterial antes de cirurgias e a inserção de estimuladores da medula espinhal para alívio de dores crônicas nas costas.

A polêmica dos líquidos espessados

O uso de líquidos espessados é uma prática amplamente adotada para idosos com demência e dificuldades de deglutição, visando prevenir a pneumonia aspirativa. No entanto, um estudo significativo do Instituto Feinstein, que envolveu quase nove mil pacientes com média de 86 anos, não encontrou diferenças significativas entre os que consumiram líquidos espessados e aqueles que ingeriram líquidos normais.

O Dr. Liron Sinvani, geriatra e autor sênior da pesquisa, enfatizou que os líquidos espessados podem, inclusive, prejudicar o bem-estar dos pacientes. A falta de evidências concretas acerca da eficácia dessa prática coloca um sinal de alerta sobre sua continuidade.

Interrupções de medicamentos para pressão arterial: Necessidade real?

É uma prática costumeira que pacientes idosos suspendam medicamentos para controle da pressão arterial, como inibidores da ECA e BRAs, por alguns dias antes de vários tipos de cirurgias. Porém, um estudo francês com 2.200 pacientes mostrou que essa interrupção não teve impacto significativo na taxa de complicações pós-cirúrgicas, que permaneceu em 22% em ambos os grupos analisados.

O Dr. Matthieu Legrand, um dos autores do estudo, sugere que essa prática pode não ser necessária para todos os tipos de intervenções cirúrgicas. Ele recomenda que os pacientes discutam essas questões com seus médicos, especialmente em casos que não envolvam o coração.

Implantes na coluna: Um alívio ou uma armadilha?

Os dispositivos de estimulação da medula espinhal são frequentemente utilizados para tratar dor crônica em idosos, com cerca de 50 mil implantes realizados anualmente nos Estados Unidos. No entanto, um estudo recente da Universidade da Califórnia, em São Francisco, indicou que esses dispositivos não reduziram o uso de opioides ou outros métodos de tratamento para dor em comparação com abordagens convencionais.

Adicionalmente, aproximadamente 20% dos pacientes requeriam novas cirurgias para ajustar ou remover os dispositivos. A Dra. Rita F. Redberg, coautora do estudo, questionou a eficácia desses implantes, sugerindo que o efeito placebo pode estar influenciando os resultados.

A Necessidade Urgente de Reavaliação

As evidências emergentes destacam uma necessidade urgente de reavaliar estas práticas médicas tradicionais, afim de assegurar que os tratamentos realmente tragam benefícios reais e significativos para os pacientes idosos. Com a população idosa em crescimento, é essencial que novas pesquisas sejam conduzidas para identificar as abordagens mais eficazes e seguras, garantindo assim um cuidado realmente adequado e humano.

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