Em uma declaração surpreendente e sem precedentes, Jean Paul Prates, ex-presidente da Petrobras, criticou abertamente a administração de Luiz Inácio Lula da Silva, afirmando que aliados do governo estão gerando uma verdadeira crise interna.

Durante uma entrevista exclusiva ao jornal O Globo, Prates destacou a falta de articulação e visão clara do governo na relação com os partidos do Centrão. Ele argumentou que é vital estabelecer uma base de apoio mais coesa, ressaltando: “É necessário dar um basta para atrair uma base mais unida.”

Ele relatou que, recentemente, dois partidos da base governista votaram contra importantes medidas propostas pelo governo, enfatizando a necessidade de uma visão abrangente para evitar desuniões. “Se você é do partido X e tem um delegado envolvido em escândalos, ou trata com ele ou terá que sair da base do governo. É assim que funciona”, disse Prates, com evidente indignação.

O ex-presidente da Petrobras também mencionou sua demissão, a qual atribui a “falsas crises” e intrigas de membros da própria base do governo. Ele denunciou que o ministro Alexandre Silveira, afiliado ao PSD, foi instrumental em sua demissão, indicando um nível alarmante de desconfiança dentro da equipe.

“Hoje, a oposição está dentro do governo Lula. As crises não vêm da oposição, mas sim da própria base governista.” declarou Prates, trazendo à tona a fragilidade das alianças políticas atuais.

Questionado sobre os reais motivos de sua saída, ele admitiu que contrariou interesses não especificados. Sobre a nomeação de Magda Chambriard para a presidência da Petrobras, Prates insinuou que a escolha pode ser uma tentativa de minimizar conflitos, pois Chambriard é vista como uma figura que não criará polêmicas.

“Existem interesses por trás disso tudo, que eu não percebi na hora. Pode ter a ver com o plano estratégico ou com nomeações que geraram descontentamento. Eram questões pequenas, mas significativas.” explicou o ex-senador.

Apesar de suas críticas, Prates afirmou não nutrir ressentimentos por Lula ou pelos ministros Rui Costa e Silveira, reconhecendo que a política é um jogo complexo. “Eu não tenho mágoas. O presidente estava especialmente pressionado, e isso foi aproveitado. Minha demissão não teve a ver com questões relacionadas à Petrobras. Simplesmente perdi essa batalha.” concluiu o ex-presidente da estatal, deixando no ar um mistério sobre os verdadeiros bastidores do poder.