O célebre telescópio espacial Gaia, enviado ao espaço pela Agência Espacial Europeia (ESA), está prestes a encerrar suas atividades de forma dramática nesta quinta-feira (27). Os especialistas da missão irão colocar o telescópio em uma trajetória ao redor do Sol, onde será desligado após mais de dez anos de contribuição crucial para a astronomia.

Desde 2014, Gaia tem sido o principal cartógrafo da Via Láctea, iniciando a coleta de dados cerca de seis meses após seu lançamento em dezembro de 2013. Agora, com os recursos de combustível se esgotando, chegou a hora de uma despedida. O telescópio encerrou oficialmente suas operações em 15 de janeiro de 2025, mas seu legado perdurará por muitos anos.

A missão Gaia tinha como objetivo principal revelar a estrutura e a história da Via Láctea. Com a ambição de criar o mapa mais detalhado e tridimensional das posições e velocidades de um bilhão de estrelas, os dados obtidos por Gaia se tornaram um dos principais recursos para telescópios ao redor do mundo, como o Telescópio Espacial James Webb da NASA e o projeto Euclid da ESA.

Além disso, o futuro Observatório Vera C. Rubin, em construção nos Estados Unidos, e o Telescópio Extremamente Grande da Europa, no Chile, também se beneficiarão consideravelmente do vasto banco de dados do Gaia. Com quase dois bilhões de estrelas, milhões de galáxias e cerca de 150 mil asteroides catalogados, as observações de Gaia resultaram em mais de 13 mil estudos científicos.

Através de seu inovador catálogou, astrônomos descobriram pistas sobre novos sistemas planetários e buracos negros, enquanto cosmologistas utilizaram dados de estrelas pulsantes para medir a velocidade de expansão do Universo. “É algo que agora sustenta quase toda a astronomia”, afirmou Anthony Brown, astrônomo da Universidade de Leiden na Holanda e responsável pela análise dos dados.

Após mais de uma década girando no espaço, com telescópios gêmeos capturando luz em direções distintas, Gaia elaborou uma verdadeira enciclopédia de movimentos celestiais. Três instrumentos a bordo mediram a posição, velocidade e cores dos astros, permitindo que os cientistas inferissem informações valiosas sobre temperatura, massa e composição química de objetos celestiais.

Desde o final de suas operações, as equipes têm realizado testes técnicos finais nos instrumentos do telescópio, que podem nos ajudar a melhorar a operação de futuras missões. A ESA compartilhou um vídeo nas redes sociais mostrando a transmissão dos últimos comandos enviados a Gaia, além de um comunicado em homenagem a esse grande colaborador da ciência.

“É um momento agridoce quando uma missão para de coletar dados”, constata Johannes Sahlmann, físico da ESA e cientista do projeto Gaia. “Mas a missão em si está longe de acabar, pois seus dados continuarão a iluminar a astronomia por muitos anos.”

Com a promessa de um legado duradouro, o próximo grande lançamento de dados do Gaia está previsto para 2026, incluindo informações coletadas ao longo de cinco anos e meio. A liberação final, que conterá o conjunto completo de dados, está agendada para 2030. Enquanto isso, cientistas europeus já estão desenvolvendo uma nova espaçonave que dará continuidade ao legado do Gaia, prometendo explorar novas fronteiras ao captar luz infravermelha, ao invés da luz óptica. Prepare-se para mais revoluções no universo da astronomia!