Negócios

Alemanha à Beira do Caos: Chanceler Scholz Pode Ser Derrubado em Votação Crítica

2024-11-20

Autor: Carolina

A crise política na Alemanha se intensificou após a demissão do ministro das Finanças, Christian Lindner, pelo chanceler Olaf Scholz, no dia 6 de novembro. Lindner, que também é um aliado político de Scholz, foi dispensado devido a desavenças sobre o plano orçamentário do governo para o ano de 2025 e a gestão de um déficit bilionário que o país enfrenta.

Essa decisão de Scholz rompeu a chamada "Coalizão Semáforo", que inclui o Partido Social Democrata, o Partido Democrático Liberal e o Partido Verde. Com essa ruptura, a estabilidade do governo ficou ameaçada, e Scholz terá que enfrentar um voto de confiança no dia 16 de dezembro, onde as chances de sua continuidade no cargo são cada vez mais reduzidas.

Desde que assumiu o governo em dezembro de 2021, a relação entre Scholz e Lindner sempre foi instável, marcada por divergências significativas em relação às políticas econômicas a serem adotadas. Lindner defende uma abordagem de austeridade fiscal e menos intervenção do governo na economia. Em contrapartida, Scholz é favorável a subsídios e intervenções estatais em setores específicos, como energia renovável.

As tensões políticas em Berlim são ainda mais complexas, considerando o clima econômico no país. A preocupação com o futuro das aposentadorias, o aumento constante do custo de vida e a deterioração das relações comerciais com a China levaram a população a questionar a eficácia do governo.

Antes, a Alemanha contava com uma balança comercial favorável com a China, vendendo automóveis e maquinários em troca de produtos de consumo. No entanto, a autosuficiência da China em relação a itens que antes eram importados da Alemanha provocou um desequilíbrio. A Volkswagen, uma das maiores montadoras do mundo, já anunciou planos de fechamento de fábricas e cortes de gastos, o que inclui a suspensão de aumentos salariais para os próximos anos.

A Comissão Europeia, por sua vez, projeta que a economia alemã deve contrair 0,1% em 2023, seguidas por modestas recuperações nos anos seguintes. A combinação de uma dívida pública crescente e a expectativa de inflação ainda alta são preocupações que pesam sobre a administração de Scholz.

Se o chanceler não conseguir reverter a situação no voto de confiança, novas eleições legislativas poderão ser convocadas para o dia 23 de fevereiro. A CDU, liderada pelo ex-chanceler Angela Merkel e pelo deputado Friedrich Merz, é o partido que tem se destacado nas pesquisas. Merz já sinalizou que está disposto a formar uma nova coalizão com o Partido Democrático Liberal, podendo, assim, reintegrar Lindner ao governo.

Outro fator a se considerar nas próximas eleições é a ascensão da Alternativa para a Alemanha (AfD), um partido à direita, frequentemente acusado de extremismo político e de estar associado a ideais nazistas. A presença da AfD tem sido uma preocupação constante para os demais partidos, complicando a formação de coalizões.

A instabilidade atual e os desafios econômicos enfrentados pelo governo Scholz indicam que a Alemanha está em um momento decisivo, e a próxima votação pode definir não apenas o futuro político do chanceler, mas também o rumo da política e da economia do país nos próximos anos.