Em uma declaração contundente, o presidente da Bolívia, Luis Arce, enfatizou que tanto a Bolívia quanto a América Latina não permitirão mais que suas soberanias sejam desrespeitadas pelos Estados Unidos. Em uma entrevista ao jornal O Globo, Arce enviou um recado direto ao presidente eleito dos EUA, Donald Trump, durante a Cúpula do G20 realizada no Rio de Janeiro no último domingo (24.nov.2024).

"Os tempos mudaram. Acredito que Trump tem a possibilidade de refletir sobre a América Latina em particular. Queremos ser parceiros e que nossa soberania seja respeitada. Somos Estados soberanos e merecemos respeito, assim como qualquer outro país", destacou Arce, reforçando a necessidade de um tratamento igualitário nas relações internacionais.

Além disso, Arce salientou que a formação de blocos políticos como o BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) está alterando o cenário geopolítico, reduzindo a influência tradicional dos EUA sobre a região. "As dinâmicas mudaram. O Brasil é um ator fundamental nesse novo contexto. Por isso, pedimos ao presidente Lula que preste atenção especial à América Latina", afirmou.

Em relação às críticas feitas sobre a situação política na Venezuela, onde a vitória de Nicolás Maduro nas últimas eleições gerou controvérsias, Arce explicou que a Bolívia reconheceu o resultado, mencionando sua própria experiência com alegações de fraude eleitoral. "Nós também enfrentamos algo semelhante, quando a direita não aceita perder e alegam fraudes, algo que quase aconteceu conosco em 2020", acrescentou.

Arce também apontou que, apesar das discordâncias com o Brasil, em particular com Lula sobre a Venezuela, é essencial respeitar as decisões soberanas de cada país. "Nunca discutimos profundamente sobre a Venezuela. Nosso foco é em manter uma relação bilateral cordial e respeitosa, mesmo com visões diferentes sobre determinadas questões", afirmou o presidente boliviano.

Essa postura de afirmação da soberania latino-americana, destacada por Arce, ressoa em meio ao crescente desejo de muitos países na região de se distanciar da dependência dos EUA, buscando estabelecer parcerias mais equitativas e respeitosas no cenário global.