O Impacto das Tarifas de Trump

O México, com suas 37 fábricas de veículos e mais de mil indústrias de autopeças, está se tornando um polo de produção atraente para as montadoras. Segundo Leite, assim que as tarifas dos EUA começarem a afetar a produção mexicana, isso poderá empurrar as montadoras a buscar novos mercados, e o Brasil pode ser um dos principais alvos.

A Ameaça aos Investimentos no Brasil

O presidente da Anfavea alertou que as montadoras podem preferir enviar carros feitos no México para o Brasil, ao invés de investir na produção local. Com a necessidade de cortar gastos impulsionada pela política americana, as empresas com fábricas nos EUA, México e Brasil provavelmente escolherão investir onde já há capacidade ociosa, que neste caso é o México.

Consequências para a Indústria

Leite destaca que se as empresas priorizarem o investimento nas operações americanas, o Brasil sofrerá as consequências. A indústria automotiva brasileira poderá ver um corte em investimentos, já que os executivos precisarão justificar à matriz por que devem colocar dinheiro em um mercado onde pode não haver retorno imediato.

Efeitos no Mercado Nacional

Estima-se que o mercado interno dos EUA deverá encolher cerca de 1 milhão de veículos devido ao aumento dos preços, que pode oscilar entre US$ 3 mil e US$ 12 mil por carro. Esse aumento de custos não só reduz a demanda por veículos, mas também retarda a transição para carros eletrificados, dificultando a compra por parte dos consumidores americanos.

Brasil: Entre a Espada e a Parede

Embora o Brasil não tenha uma grande fatia do mercado de exportação para os EUA, os impactos indiretos serão significativos. Investimentos que estavam previstos tanto para o Brasil quanto para a Argentina podem ser cancelados, pois as montadoras buscarão utilizar a capacidade ociosa mexicana.

Um Ciclo Econômico Prejudicado

Além de perder competitividade, o Brasil corre o risco de perder empregos. A migração de produção traz consigo uma queda na geração de empregos e na arrecadação tributária. É um círculo vicioso que afeta a economia como um todo.

Os Números Não Mentem

Para ter uma ideia da gravidade, o México exporta 76% de sua produção para os EUA, enquanto o Canadá e a Coreia do Sul enviam, respectivamente, 69% e 38%. Mesmo a Alemanha, com uma atuação mais modesta, ainda assim exporta 10% para o mercado americano. As montadoras estão buscando realocar sua produção, e o Brasil deve se preparar para isso.

Hora de Proteger o Mercado Nacional

Diante desse cenário preocupante, a Anfavea já está dialogando com o governo e montadoras para encontrar soluções que protejam o mercado interno. Uma das sugestões discutidas é a implementação de cotas para importações mexicanas. Leite ressalta a necessidade de um debate sério sobre o tema, ou o Brasil se tornará apenas um consumidor de veículos estrangeiros.