Luckas e seu pesadelo na Ásia

Luckas está vivendo um verdadeiro pesadelo na Ásia. Sua situação é alarmante: "ele não consegue andar direito e está cheio de hematomas", relatou Phelipe a familiares. Ana Paula, prima de Luckas, revelou que o jovem enviou mensagens desesperadas, onde conta que está sendo torturado por ter buscado ajuda, e que seus captores são supostamente chineses.

Comunicação Secreta e Punições Severas

"Eles agridem a gente a todo momento. Desde que cheguei aqui, nem posso falar com ele porque foi proibido. Nos comunicamos escondido. Não podemos demonstrar tristeza, pois isso resulta em punições severas. Se eu desaparecer, já sabem o que aconteceu comigo. Por favor, não mande mensagens para os chineses, não quero que mais pessoas se machuquem", escreveu Phelipe em mensagens enviadas à irmã no início de dezembro.

Desespero e Ameaças de Morte

A situação é ainda mais desesperadora. O pai de Phelipe afirmou que o filho não vê outra saída além de acabar com sua própria vida devido às constantes torturas. "Ele já me disse duas vezes que está pensando em se matar, alegando que estão torturando ele e o Luckas, além de ameaçá-los de morte", contou Antônio, o pai. Em uma dessas mensagens, Phelipe lamentou: "Eles vão tirar nossos órgãos. Como conseguir ficar calmo assim?".

Impotência da Família

Enquanto isso, a impotência toma conta da família. Antônio se sente desamparado, sem respostas das autoridades locais e brasileiras, e Phelipe implora por um resgate que não chega. "Desconfio que seremos vendidos em breve. Tiraram fotos nossas e tenho certeza que isso não é bom", alertou o jovem em uma mensagem recente ao pai.

Críticas ao Governo Brasileiro

Os familiares de Luckas e Phelipe criticam a resposta insuficiente do governo brasileiro. O Itamaraty, ao ser contatado, disse que está acompanhando o caso através das Embaixadas do Brasil em Bangkok e Yangon, mas as respostas têm sido vagas e protocolares. "Recebemos apenas notas dizendo que estão em contato com as autoridades, mas e a ação? O governo não faz nada!", desabafou Antônio Carlos Ferreira, pai de Phelipe.

Apelo da Mãe de Luckas

A mãe de Luckas, Cleide Viana, apelou ao presidente Lula em uma carta, dizendo estar desesperada sem notícias sobre seu filho. "Ele diz que nenhuma mãe deve sofrer por seu filho, e eu estou sofrendo demais. Não consigo pensar e estou perdendo as esperanças enquanto meu filho não voltar", escreveu.

Tráfico para Golpes Digitais

Os relatos indicam que Luckas e Phelipe foram traficados para realizar golpes em estrangeiros por aplicativos de mensagem. Ana Paula revelou que seu primo estava sendo forçado a aplicar esses golpes em pessoas de outros países, situação confirmada pelo pai de Phelipe, que acredita que os filhos estão sendo usados em uma rede criminosa de golpes online.

Alerta do Ministério das Relações Exteriores

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil já emitiu alertas sobre a exploração de brasileiros em atividades ilícitas. Se estima que, somente em Mianmar, cerca de 120 mil pessoas enfrentam situações de trabalho forçado e condições análogas à escravidão. Outras centenas de milhares sofrem com essa realidade em países do Sudeste Asiático, como Camboja e Tailândia.

Vitimas de Promessas Falsas

Estudos da ONU apontam que a maioria das vítimas são homens com nível superior que, atraídos por promessas de altos salários (entre U$ 1.500 e U$ 2.000), acabam sendo aliciados e levados para o exterior. Luckas e Phelipe, por exemplo, acreditavam que estavam indo para um emprego legítimo após entrevistas com supostos profissionais de Recursos Humanos. O que parecia ser uma nova oportunidade de vida se tornou um pesadelo imensurável e desesperador.