Saúde

Alfredo Chaves Registra 1.141 Casos de Febre do Oropouche: O Que Você Precisa Saber

2024-12-19

Autor: Lucas

Alfredo Chaves, uma cidade encantadora localizada a aproximadamente 81 km da capital do Espírito Santo, Vitória, se tornou o epicentro da febre do Oropouche no estado, contabilizando incríveis 1.141 casos até o momento. Em uma investigação mais ampla, a cidade de Iconha segue em segundo lugar com 450 casos, enquanto Laranja da Terra aparece em terceiro com 339 registros.

Os dados alarmantes foram divulgados na manhã desta quinta-feira (19) pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa-ES), através do Boletim Epidemiológico. Entre o período da semana epidemiológica 01 (31/12/2023 a 06/01/2024) até a 50 (08/12/2024 a 14/12/2024), o estado acumulou 3.823 casos de Oropouche.

A capital Vitória também não escapou, somando 58 casos até o último dia 14. Uma morte foi confirmada na cidade de Fundão, e outra está sob investigação. O Oropouche é considerado uma arbovirose, transmitida pelo mosquito-pólvora, conhecido localmente como maruim.

Para entender melhor a correlação entre o número elevado de casos e a concentração em Alfredo Chaves, a reportagem consultou o biólogo Daniel Gosser Motta, mestre pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Ele destacou que a região, além de ser conhecida pela produção de café, também é um polo de fruticultura, especialmente no cultivo de bananas, o que pode estar contribuindo para a proliferação do mosquito transmissor.

Em 2022, Alfredo Chaves liderou a produção de bananas no estado, com uma colheita total de 44.800 toneladas, o que representa 11,2% da produção capixaba. Essa alta concentração de matéria orgânica, que combina umidade e sombra, cria um ambiente propício para o aumento da população do maruim.

"Ambientes com muita matéria orgânica favorecem a reprodução do mosquito, principalmente em locais como cachoeiras e plantações de banana, onde a decomposição das folhas acumulam água, formando berçários para as larvas do maruim", explicou Motta.

O governador Renato Casagrande se pronunciou sobre o aumento alarmante de casos na região, citando não apenas Alfredo Chaves, mas também Iconha, Vargem Alta e a região alta de Castelo como áreas com grandes concentrações do mosquito. Recentemente, o estado sediou um evento nacional para discutir a emergência em torno dos casos da febre do Oropouche, com a presença de autoridades de saúde e especialistas, incluindo Ethel Maciel, Secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde.

Durante o evento, foi enfatizado a importância de estratégias efetivas para reduzir os riscos à saúde da população. "É essencial encontrar formas seguras de conviver com a arbovirose, pois seus comportamentos de transmissão diferem dos vistos na dengue", ressaltou Miguel Duarte, secretário de Estado da Saúde.

A picada do maruim pode deixar manchas vermelhas e coceiras na pele, e a recomendação da Secretaria de Saúde é que a população evite áreas com alta concentração do mosquito, utilize repelentes e roupas protetoras. O biólogo Daniel Gosser Motta alerta que a picada do mosquito-pólvora se diferencia da do Aedes aegypti, que também é transmissor de várias doenças, pois o maruim possui um aparelho bucal mais curto, necessário para penetrar na pele e acessar os vasos sanguíneos.

O comportamento do maruim é mais ativo durante o início da manhã e final da tarde, mas em áreas infestadas, ele pode picar ao longo de todo o dia, o que representa um incômodo para a população devido à sua picada dolorosa.

As autoridades estão em alerta máximo e adotando medidas para conter o avanço da doença. A Secretaria Municipal de Saúde de Alfredo Chaves também está desenvolvendo ações para educar a população sobre a prevenção e identificação das picadas. Enquanto novas informações se tornam disponíveis, a comunidade deve permanecer vigilante e informada.