Análise: Tarcísio e a Segurança Pública - Uma Batalha Difícil e Polêmica
2024-12-04
Autor: Pedro
A segurança pública é um tema recorrente e sensível na história do Brasil, especialmente em São Paulo, onde dramas e tragédias marcam a trajetória dos governos. O ano de 1992 destaca-se como um marco negativo, com o massacre de Carandiru que resultou na morte de 111 detentos, um evento que expôs a brutalidade das operações policiais e reverberou em todo o país, gerando debates acalorados sobre o uso da força e os direitos humanos.
Passadas três décadas, a segurança continua sendo o calcanhar de Aquiles de muitos governantes. Tarcísio de Freitas, atual governador paulista e ex-ministro da Infraestrutura, tenta navegar essas águas turbulentas, já tendo enfrentado seu primeiro grande desafio ao lidar com as operações contra o PCC (Primeiro Comando da Capital) no litoral paulista.
Uma herança pesada de governos anteriores, como os de Geraldo Alckmin e João Doria, é a militarização da força policial, com sua sequência de abusos e violência. Tarcísio, por outro lado, parece seguir a linha do conservadorismo tradicional, optando por agir com mão pesada contra o crime. Contudo, suas ações e declarações, como a famosa frase “não estou nem aí”, refletem uma desconexão com a crescente insatisfação popular em relação à letalidade policial.
A morte de um delator do PCC no aeroporto de Guarulhos, circunscrita em um cenário de denúncias de abuso policial, jogou ácido no debate. As redes sociais têm sido palco de denúncias e vídeos que contradizem a narrativa oficial, demonstrando um padrão de violência que desfigura qualquer discurso defensivo. O uso de câmeras corporais, uma medida importante para aumentar a transparência, ainda enfrenta resistência da parte da administração.
Tarcísio parece apostar na resposta ao crime organizado como um trunfo político, mas sua estratégia pode não ser tão sólida quanto acredita. Com a inclusão do polêmico Guilherme Derrite, que ocupa agora a Secretaria de Segurança Pública, suas intenções de manter uma agenda durona vão de encontro a uma sociedade cada vez mais exigente em relação aos direitos humanos e à dignidade da vida.
Especialistas alertam que ações brutais podem inicialmente ressoar com setores conservadores, mas a escalada da violência gera um efeito boomerang: o aumento da insatisfação popular e a possibilidade de perder apoio. Diante disso, Tarcísio precisa urgentemente recalibrar sua abordagem, ou arrisca-se a se tornar mais um governante marcado pela violência que atormenta a segurança pública em São Paulo.
Em um cenário onde a classe média se torna cada vez mais vocal sobre o desejo de segurança, ele também precisa lidar com a crescente pressão por soluções sociais para a criminalidade. O eleitorado pode exigir mais do que o mero combate às facções criminosas, especialmente em um país onde o custo da vida e a desigualdade estão em destaque.
Portanto, a segurança pública de São Paulo é um desafio complexo e Tarcísio de Freitas tem um longo caminho pela frente para não ser lembrado apenas como mais um governante que falhou em endereçar as questões cruciais da violência e da segurança em seu estado. O calcanhar de Aquiles que ele carrega pode ser fatal se não houver uma transformação real em sua política.