Angela Merkel revela: 'Trump era fascinado por autocratas e ditadores'
2024-11-26
Autor: Gabriel
Angela Merkel, ex-chanceler da Alemanha, compartilha em seu novo livro de memórias, intitulado 'Freiheit' (Liberdade), que Donald Trump, o ex-presidente dos EUA, demonstrou um notável fascínio por líderes autocráticos durante suas interações. As revelações vêm à tona em meio a um contexto político global em constante mudança.
Em um trecho impactante, Merkel recorda o primeiro encontro com Trump, logo após ele assumir a presidência em 2017, onde ele a bombardeou com perguntas sobre sua relação com Vladimir Putin. "Ele estava claramente intrigado com o presidente russo", afirmou Merkel.
A ex-chanceler relatou que, ao longo dos anos, percebeu que Trump tinha uma atração por políticos com tendências autocráticas e de cunho ditatorial. Isso levanta questões sobre como o estilo de liderança de Trump ecoou entre os autocratas contemporâneos, como Jair Bolsonaro no Brasil e Viktor Orbán na Hungria.
Merkel descreve que o encontro foi marcado por uma troca de acusações, onde Trump a criticou por suas políticas de acolhimento de refugiados e alegou que a Alemanha não investia o suficiente em defesa, mencionando ainda a “excessiva presença de carros alemães” nas ruas de Nova York.
Além disso, Merkel confessou que buscou aconselhamento do Papa Francisco sobre como lidar com a polarização de opiniões durante a cúpula do G20 em Hamburgo, em uma tentativa de gerenciar relações tensas. "Curve, curve, curve, mas assegure-se de que não vai quebrar", foi o conselho que ela recebeu e que se tornou uma metáfora para sua abordagem diplomática.
O livro de 736 páginas abrange desde sua juventude na República Democrática Alemã (RDA) até seus anos à frente do governo da República Federal da Alemanha (RFA). Com críticas tanto ao seu apoio contínuo à Rússia quanto às suas decisões em relação à adesão da Ucrânia e da Geórgia à OTAN, Merkel reflete sobre o impacto dessas escolhas no atual cenário internacional, especialmente após o início da guerra na Ucrânia em 2022.
Ao lançar 'Freiheit' em 30 países, Merkel busca não apenas relembrar sua trajetória política, mas também fomentar um debate sobre a importância da democracia em tempos de crescente autoritarismo. As memórias de Merkel não apenas trazem luz sobre sua experiência, mas também instigam uma reflexão profunda sobre o futuro da política global.