Tecnologia

Angra 3: A Última Esperança ou um Buraco Sem Fundo no Orçamento?

2024-12-23

Autor: Matheus

Introdução

A expectativa gira em torno da usina nuclear de Angra 3, que aguarda uma decisiva confirmação do governo, enquanto seu canteiro de obras drena exorbitantes R$ 220 milhões por ano. O Ministro de Minas e Energia expressou a urgência em concluir as obras, afirmando que “nós temos que terminar”. Entretanto, os defensores da energia nuclear sustentam que a conclusão é crucial para a descarbonização da matriz energética e resposta às mudanças climáticas.

Histórico da Construção

Iniciada há 40 anos, a construção de Angra 3 tornou-se um símbolo da burocracia e corrupção no Brasil, sendo paralisada diversas vezes, inclusive durante a operação Lava-Jato. A Eletronuclear defende que, apesar dos custos elevados, é melhor terminar a obra a abandoná-la, uma vez que os gastos para ambos os caminhos são semelhantes.

Contexto Global e Expectativas

Atualmente, existem 63 projetos nucleares sendo implementados em 15 países, com uma capacidade total estimada em 66,1 GW. Isso representa uma parte significativa do parque elétrico do Brasil, que possui 206 GW de capacidade. Se o governo decidir pela continuação da obra, a construção deve recomeçar em 2026, com conclusão prevista para 2031. No entanto, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) adiou a decisão em sua última reunião, destacando divisões entre ministros e preocupações sobre o impacto fiscal da continuidade.

Dificuldades Financeiras

As dificuldades financeiras são acentuadas pela necessidade urgente de construção de um depósito definitivo para o armazenamento de rejeitos radioativos, que se torna cada vez mais relevante à medida que a transição energética avança. Em 2021, o BNDES foi encarregado de avaliar a viabilidade da conclusão de Angra 3, cuja desistência implicaria em um custo significativo de R$ 21 bilhões.

Desafios do Setor Nuclear

O momento é delicado, especialmente considerando a escassez de fornecedores a nível global e o aquecimento do setor nuclear. O presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo, alertou que a demora na decisão pode resultar em custos ainda mais altos e atrasos significativos, além de possíveis perdas de capacidade de empresas envolvidas na obra.

Energia Nuclear e Inovações Tecnológicas

Setores especialistas argumentam que a energia nuclear é uma solução que pode impulsionar a matriz brasileira, especialmente com a pressão crescente de novas tecnologias como inteligência artificial e blockchain. Inúmeros exemplos internacionais, como a Meta que está considerada investir em geração nuclear, ilustram a tendência global em direção à energia nuclear como um pilar da sustentabilidade.

Preocupações e Custos

Entretanto, é preciso considerar as acusações ao projeto: preocupações ambientais sobre a gestão de rejeitos e os elevados custos que comprometem a tarifa de energia. O BNDES já projetou uma tarifa de R$ 653,31 por megawatt-hora (MWh), que é cinco vezes maior do que a tarifa de Angra 1 e Angra 2, com a Eletronuclear argumentando que sua proposta de preço é coerente.

Situação Atual

Enquanto isso, o canteiro de Angra 3 parece mais um cenário de filme apocalíptico, com operadores mantendo a estrutura e evitando a deterioração das obras. Com 67% do projeto terminado, a estrutura do reator está em pé, mas os custos de manutenção e administração já chegam a quase R$ 1 bilhão por ano.

Conclusão

O que será do futuro de Angra 3? O Brasil ainda se vê dividido entre a escolha por fontes renováveis e a continuidade de um projeto que simboliza tanto a ambição quanto os desafios do país. Em uma questão que pode afetar não apenas o futuro da energia no Brasil, mas também a segurança e a economia nacional, a decisão que o governo tomará poderá fechar um ciclo de incertezas ou abrir um novo capítulo na história energética brasileira. Fique atento: a continuidade ou a desistência da construção de Angra 3 poderá ter repercussões que vão muito além das fronteiras do país!