Pedro Marques, um jovem estudante de administração de 23 anos, jamais imaginou que em um domingo comum sua vida mudaria para sempre. Ao chegar ao hospital com dores intensas, ele começou a perder o movimento de seu corpo de forma assustadora e rápida. 'Entrei andando e, dentro de poucos minutos, não consegui mais me mover', relembra.

Após os primeiros atendimentos, ele foi submetido a uma série de exames, incluindo arteriografia e ressonância magnética. O diagnóstico revelou um sangramento na medula espinhal, na altura da vértebra C4, cuja origem permanece um mistério até hoje. Os médicos descartaram doenças autoimunes, como a síndrome de Guillain-Barré, que poderia explicar sua condição.

Pedro passou por uma cirurgia para conter o sangramento e ficou em coma por nove dias. 'No coma, eu sonhava que estava paralisado em uma maca, ouvindo as vozes ao meu redor', conta. Ao acordar, ele se deparou com uma traqueostomia, um tubo que o ajudava a respirar, e ficou chocado com a situação.

A equipe médica indicou que os tipos de lesão na medula são extremamente raros e a condição de Pedro é considerada como "sangramento espontâneo da medula". 'Se a minha lesão estivesse um centímetro mais alta, eu teria morrido', revela ele, ressaltando a gravidade da situação.

Após 105 dias de internação, Pedro teve alta, mas sua reabilitação estava apenas começando. Com fisioterapia intensa, ele gradualmente começou a recuperar a capacidade de respirar sem a ajuda de aparelhos e se alimentou normalmente novamente. 'Minha evolução foi muito mais rápida do que os médicos esperavam', ele se mostra otimista.

Hoje, Pedro está focado na recuperação dos movimentos dos braços e pernas. Ele tem planejado viagens para outros estados em busca de tratamentos especializados em reabilitação. 'Estou buscando todas as opções possíveis, inclusive me inscrevendo em centros de referência', afirma.

Antes da paralisia, Pedro vivia em Maringá, Paraná, após se mudar de Ourinhos, São Paulo. Ele estava se adaptando à vida sozinho e realizando seus sonhos acadêmicos, mas agora suas prioridades mudaram. 'Não planejo mais, meu foco é na recuperação e em superar os desafios físicos e emocionais', diz.

A paralisia de Pedro, consequência de um sangramento raro, levanta questões sobre a saúde, cuidados e reabilitação. Médicos como André Sugawara, da Rede Lucy Montoro, enfatizam que hemorragias na medula espinhal podem ocorrer sem traumas aparentes e que a dor nem sempre estará presente. 'Cada caso é único e a busca pela causa pode ser complexa', explica.

Pedro, apesar de sua condição, mantém a esperança de que os tratamentos e esforços constantes o ajudem a recuperar o máximo de suas capacidades, provando que a luta pela vida e pela recuperação vai muito além do que a maioria pode imaginar.