Aquecimento do mar e infestações de águas-vivas: um veraneio alarmante no Rio Grande do Sul
2025-01-05
Autor: Julia
No início deste verão, as praias do litoral do Rio Grande do Sul foram tomadas por uma preocupante infestação de águas-vivas, resultando em cerca de 14 mil banhistas atingidos por queimaduras desde o final de dezembro. Esse cenário alarmante reflete uma média de 1.000 ocorrências diariamente, um aumento significativo em comparação com o ano passado, que registrou 750 casos por dia.
As águas-vivas, também conhecidas como mães-d’água, têm impressionado visitantes pela abundância nas areias e pela intensidade das queimaduras causadas por suas picadas. Atualmente, três espécies têm sido identificadas nas praias gaúchas, duas das quais são responsáveis pelas queimaduras: o “reloginho” e a caravela portuguesa. O “reloginho” é pequeno e gelatinosa, com tentáculos rosa e laranja, enquanto a caravela possui tentáculos longos de coloração azul e roxa, oferecendo maior risco aos banhistas.
Para tratar queimaduras causadas por águas-vivas, a Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul recomenda o uso de vinagre, em vez de água doce, que pode agravar a ferida ao ativar as células urticantes da água-viva. A bióloga Kátia Moura destaca a importância da aplicação correta do vinagre e alerta que tentáculos grudados devem ser removidos apenas no mar ou com o uso do líquido neutralizante.
Além das recomendações de primeiros socorros, a infecção por águas-vivas também parece estar cruzando um nível sem precedentes devido ao aquecimento acelerado das águas do oceano. O clima global em mudança e as temperaturas oceânicas crescentes favorecem a proliferação dessas criaturas marinhas. Estudos apontam que as águas-vivas têm se expandido em pelo menos 68 ecossistemas desde 1950, adaptando-se aos impactos ambientais, como o deslocamento de recifes de corais tropicais e o aumento de nutrientes provenientes de esgoto e resíduos agrícolas.
Recentemente, no final de dezembro e início de janeiro, dados mostraram um aquecimento significativo das águas na costa do Rio Grande do Sul, com aumento de até 3ºC em algumas regiões. Especialistas observam uma relação direta entre esse aumento de temperatura e a proliferação de águas-vivas, ressaltando que esses eventos tendem a ocorrer durante ondas de calor.
A oceanógrafa Regina Rodrigues e a bióloga marinha Carla Menegola confirmam que a temperatura elevada da água é um fator crucial para o crescimento da população de águas-vivas, que coincide com a alta de turistas nas praias. Porém, há discussões sobre a falta de dados suficientes para afirmar que o aquecimento global está diretamente relacionado ao aumento das populações de águas-vivas. O oceanógrafo Jules Soto enfatiza que, para ter uma análise confiável, é necessária uma amostragem de pelo menos 30 anos.
A situação é preocupante e demanda atenção de autoridades e da população, uma vez que a combinação de águas aquecidas e a poluição dos oceanos pode provocar um desequilíbrio ainda maior nos ecossistemas marinhos. Portanto, fique atento ao visitar as praias e siga as recomendações para se proteger das queimaduras e preservar a saúde dos oceanos.