Nação

Argentina assina declaração final do G20, mas se distancia de temas defendidos por Lula

2024-11-18

Autor: Fernanda

Poucas horas após anunciar sua adesão à Aliança Global contra a Fome, um dos principais pontos da presidência brasileira do G20, o governo argentino revelou que assinará a declaração final do encontro de líderes, mas irá deixar claro seu posicionamento contrário a questões como a regulamentação das redes sociais e o aumento do papel do Estado em ações sociais, temas que são caros ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nos bastidores, diplomatas sugeriram que a Argentina fez ressalvas ao texto, o que pode dificultar um consenso já complicado.

Em um comunicado oficial, a Casa Rosada enfatizou que está "desvinculando-se parcialmente de todos os conteúdos relacionados à Agenda 2030", um plano global lançado pela ONU em 2015 que aborda temas ambientais, sociais e econômicos. O presidente Javier Milei, na semana passada, criticou publicamente as diretrizes da Agenda 2030, que incluem ações contra mudanças climáticas, e ordenou a retirada da delegação argentina da COP29, marcada para ocorrer no Azerbaijão.

As organizações internacionais como o G20, segundo a Casa Rosada, foram criadas com o objetivo de permitir a cooperação voluntária entre nações, mas, quase 70 anos depois, o modelo está em crise, consideram as autoridades. A presidência foi clara em afirmar que não apoiará propostas que incluam a regulamentação das redes sociais e que promovam um aumento da presença do Estado na economia.

"Historicamente, tentativas de combater a fome e a pobreza através da intervenção estatal resultaram em êxodo populacional e em milhões de mortes", destaca o comunicado. Para Milei, a solução para mitigar a fome global passa pela "desregulamentação da atividade econômica, que libera o mercado e facilita o comércio por meio da troca voluntária de bens e serviços". Atualmente, a Argentina enfrenta um dos maiores índices de pobreza em 20 anos, com a taxa atingindo 52% da população.

O presidente Javier Milei defende que a comunidade internacional retome os princípios que fundamentaram sua criação e se compromete a aplicar políticas que já têm mostrado resultados positivos na Argentina, após anos de sofrimento causado pela intervenção estatal.

Até a manhã de hoje, a Argentina era o único país do G20 a não ter aderido à Aliança Global contra a Fome, mas, apesar das objeções iniciais, acabou se incluindo no plano. Nos bastidores, há informações de que Buenos Aires poderia tentar alterar ou remover partes da declaração final do encontro do Rio de Janeiro, devido às suas reservas em relação à Agenda 2030. A expectativa é que a declaração oficial ainda possa trazer algumas ressalvas, atendendo a pedidos de Milei.

Esse desenrolar de eventos destaca as tensões entre Argentina e Brasil, que, sob a liderança de Lula, busca implementar políticas de maior proteção social e sustentabilidade. Enquanto isso, Milei tenta inverter a maré da crise econômica enfrentando a pobreza através de um modelo econômico mais liberal.