Argentina está surpreendendo: queda no prêmio de risco é sinal de crescimento, diz Campos Neto
2024-11-20
Autor: Julia
Durante um recente evento promovido pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou a impressionante diminuição do prêmio de risco na Argentina, o que, segundo ele, está superando as expectativas de crescimento econômico. "Como você diminui muito o prêmio de risco, isso vale mais do que o dinheiro que foi retirado de circulação", comentou, referindo-se aos avanços na economia do país vizinho.
Campos Neto ressaltou que as políticas fiscais têm efeitos variados sobre a economia, dependendo da percepção dos agentes econômicos. Em meio às discussões intensas sobre um ajuste fiscal no Brasil, ele alertou que, em algumas situações, a tentativa de estimular o crescimento através de pacotes fiscais pode ter o efeito inverso ao desejado.
Ele ainda enfatizou a necessidade de um "choque positivo" no Brasil que possa estabilizar a dívida pública e gerar confiança nos investidores. "Reconhecemos o esforço do ministro [Fernando] Haddad e precisamos de um anúncio claro sobre cortes de gastos nesse sentido", afirmou.
Sobre a atual situação da dívida brasileira, Campos Neto comentou que não é um problema exclusivo do Brasil, mas que o país já parte de um nível de endividamento elevado. Referindo-se ao Produto Interno Bruto (PIB), ele observou que muitos atribuem o crescimento da economia brasileira apenas ao impulso fiscal, embora discorde parcialmente dessa análise, salientando que reformas estruturais estão contribuindo para essa expansão.
Vale destacar que, nesta semana, o Ministério da Fazenda atualizou suas estimativas de crescimento do PIB de 3,2% para 3,3% para este ano, enquanto as projeções da inflação oficial para 2024 também foram ajustadas, passando de 4,25% para 4,4%.
Campos Neto também foi questionado sobre os efeitos do aumento da taxa Selic em setores específicos da economia, como a construção civil. Ele observou que, frequentemente, o aperto monetário resulta em reduções nas taxas de juros de longo prazo, o que pode beneficiar a atividade econômica. "Estamos tentando comunicar que, se tivermos credibilidade em nossas políticas, os juros longos tendem a cair".
Enquanto isso, a economia na região continua a gerar interesse e debate, com investidores atentos às mudanças e evoluções, tanto na Argentina quanto no Brasil. Resta saber como essas dinâmicas afetarão o mercado nos próximos meses.