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Argentina: Pobreza em Queda! 11,3 Milhões Abaixo da Linha da Pobreza em 2024

2025-04-01

Autor: Matheus

Javier Milei em março de 2024 — Foto: Agustin Marcarian/Reuters

Nos últimos meses de 2024, a Argentina viu uma queda significante no número de cidadãos vivendo em condições de pobreza. De acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), atualmente 11,3 milhões de argentinos, o que corresponde a 38,1% da população, se encontram nessa situação.

Em comparação ao primeiro semestre de 2024, quando a taxa de pobreza atingiu alarmantes 52,9%, houve uma impressionante redução de 14,8 pontos percentuais. Este resultado marca um feito importante para o presidente Javier Milei, que conclui seu primeiro ano de mandato com um índice de pobreza inferior ao de 2023, que estava em 41,7%.

O Indec define que um argentino vive abaixo da linha da pobreza quando enfrenta dificuldades para adquirir itens e serviços essenciais, como alimentação, vestuário, transporte e cuidados de saúde. A indigência, por sua vez, é caracterizada pela incapacidade de acessar uma cesta mínima de produtos para atender as necessidades diárias.

O relatório também revelou uma drástica redução na taxa de indigência, que caiu de 18,1% no primeiro semestre para 8,2% no segundo, representando uma queda de 9,9 pontos percentuais.

Ao analisar a demografia, a pesquisa indica que as crianças são as mais afetadas. A pobreza atinge 51,9% das pessoas entre 0 e 14 anos e 44,9% dos jovens de 15 a 29 anos. Entre aqueles com idades entre 30 e 64 anos, a pobreza afeta 33,6% e somente 16% da população acima de 65 anos enfrentam essa realidade.

No que diz respeito às famílias, a taxa de pobreza chega a 28,6% dos lares, uma redução notável de 13,9 pontos percentuais em relação ao primeiro semestre. Além disso, as famílias em situação de indigência representam 6,4% do total, uma queda de 7,2 pontos percentuais.

A pergunta que muitos se fazem é: por que a pobreza caiu na Argentina?

Em 2024, sob a liderança de Javier Milei, a Argentina passou por mudanças econômicas profundas. Antes mesmo de iniciar o novo ano, o presidente apresentou o "Plano Motosserra", um pacote de austeridade com cortes significativos nos gastos públicos. O principal objetivo desse pacote era conter a inflação, que em 2023 havia alcançado 211,4% ao ano.

Milei declarou que o país enfrentaria um período difícil, necessário para uma futura recuperação, afirmando: "Não há alternativa ao ajuste e não há alternativa ao choque. Naturalmente, isso impactará de forma negativa o nível de atividade, o emprego, os salários reais, a quantidade de pobres e indigentes."

Entre as principais medidas do pacote estavam:

- A eliminação de subsídios para serviços básicos, como eletricidade, água e transporte público;

- A revogação de uma lei que limitava o aumento de preços em produtos essenciais nos supermercados;

- O congelamento de obras públicas;

- A demissão de milhares de funcionários públicos;

- A diminuição de reajustes em salários e aposentadorias;

- O início de processos de privatização de empresas estatais;

- A abertura da economia para mais exportações e importações.

Embora essas medidas tenham gerado um aumento inicial nos preços, levando a um índice inflacionário de 12,8% em novembro de 2023 e 25,5% em dezembro, essa avalanche de cortes teve um efeito colateral positivo ao longo do tempo.

A queda do consumo resultou em uma inflação que começou a se estabilizar. Desde abril de 2024, a inflação argentina caiu para números de um dígito, terminando o ano com uma taxa anual de 117,8%. A contenção da inflação começou a criar um ambiente de maior confiança para os consumidores, permitindo aumentos salariais que gradualmente acompanharam os preços em ascensão.

O número de famílias capazes de adquirir uma cesta básica aumentou 64,5% do primeiro para o segundo semestre, neste contexto de inflação mais controlada.

Entretanto, as famílias que ainda estão abaixo da linha da pobreza enfrentam uma grande diferença entre a renda média, que ficou em quase 600 mil pesos, e o custo de uma cesta básica total de cerca de 952 mil pesos, indicando uma lacuna ainda significativa, embora menor que a do início do ano.

O Produto Interno Bruto (PIB) do país também reflete a turbulência econômica: uma queda de 1,7% em 2024 em relação ao ano anterior, mas com uma recuperação notável no segundo semestre, onde a atividade econômica avançou 4,3% no terceiro trimestre e 1,4% no quarto.

Os desafios para o futuro da Argentina são claros. Analistas apontam que Javier Milei precisa agora intensificar a atratividade do investimento estrangeiro e encontrar formas de manter sua popularidade diante das dificuldades persistentes da economia. O que levará este novo ciclo econômico ao sucesso? Somente o tempo dirá.