Ciência

ATENÇÃO! Oceano Ártico Pode Ter Seu Primeiro Dia Sem Gelo Antes de 2030 – Descubra as Consequências!

2024-12-05

Autor: Maria

O Oceano Ártico, a região mais congelada e remota do planeta, poderá registrar um dia inteiramente livre de gelo em um futuro surpreendentemente próximo, entre 2026 e 2029, devido às drásticas mudanças climáticas. Essa informação alarmante vem à tona através de um estudo inovador publicado na revista Nature Communications por uma equipe de pesquisadoras da Universidade de Gotemburgo na Suécia e da Universidade do Colorado nos EUA.

Para os cientistas, o Oceano Ártico será considerado livre de gelo quando a área congelada for inferior a 1 milhão de quilômetros quadrados. Em 2023, essa área mínima foi de 3,39 milhões de quilômetros quadrados, em comparação com uma extensão total de cerca de 15 milhões de quilômetros quadrados que o Ártico cobre atualmente.

As pesquisadoras utilizaram sofisticados modelos computacionais do tipo CMIP6 (Projeto de Intercompara de Modelos Acoplados), uma iniciativa internacional de modelagem climática que simula as condições da Terra para estudar as mudanças climáticas ao longo do tempo. Esses são os mesmos modelos empregados pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) em seus relatórios abrangentes sobre o clima global.

O cenário mais alarmante projetado pelos modelos demonstra uma sequência de eventos que desencadeiam essa devastadora mudança: um aquecimento atmosférico durante o inverno e a primavera facilitará a perda da camada de gelo ao longo do restante do ano, tornando-a mais fina e vulnerável. Assim, no verão, fenômenos climáticos extremos poderiam quebrar a cobertura de gelo com maior facilidade, perpetuando o ciclo de derretimento.

“A presença de gelo marinho é crucial para o equilíbrio climático. Um único dia sem gelo pode não parecer importante, mas abre as portas para mais dias sem gelo e, eventualmente, meses inteiros. Isso ocorre porque a ausência de gelo permite que o oceano absorva calor rapidamente, dificultando a formação de nova cobertura de gelo”, explica Célina Heuzé, uma das autoras do estudo.

A falta de gelo marinho não afeta apenas o clima, mas também coloca em perigo a biodiversidade local. “O gelo marinho é a base do ecossistema ártico. Delegações de vida, desde algas até peixes e ursos-polares, dependem dele para sua existência”, afirma Heuzé.

Micheline Carvalho Silva, professora do departamento de Botânica da Universidade de Brasília, que participou da primeira expedição brasileira ao Ártico em 2023, relata experiências alarmantes: “Em 2023, ficamos surpresos com o clima mais ameno do que o esperado. A paisagem estava radicalmente alterada, com áreas que antes tinham gelo agora desprovidas dele. Isso não só afeta diretamente as espécies locais, como também libera microrganismos que estavam congelados nas geleiras, potencialmente trazendo riscos desconhecidos para os ecossistemas.”

Este novo estudo é um grave aviso sobre os perigos que se aproximam caso as piores previsões se concretizem. Contudo, os pesquisadores ressaltam a necessidade de ampliar as investigações para uma melhor compreensão desse cenário crítico.

“Precisamos de uma abordagem multidisciplinar para entender melhor esses fenômenos. Melhorias na coleta de dados de satélite e a combinação com outros dados científicos são essenciais”, pondera Silva.

Embora o dia sem gelo possa ser um marco simbólico, indicando o impacto visível das ações humanas, o estudo revela que isso não significa que o oceano permanecerá nesse estado permanentemente. Uma outra possibilidade sugere que, caso as temperaturas médias globais sejam mantidas abaixo de 1,5°C, como previsto no Acordo de Paris, poderíamos evitar esses dias sem gelo no futuro.

A mensagem final de Heuzé é clara: “A única solução para evitar essas catástrofes é barrar as mudanças climáticas. Estamos alertando há mais de um século sobre essa realidade. Precisamos de ações concretas e urgentes dos políticos para que possamos reverter esse quadro antes que seja tarde demais”, conclui a pesquisadora.