Saúde

'Atendimento à distância pode ser visto como desumanizado, mas a falta de acesso à saúde é realmente desumano', afirma Ana Estela Haddad

2024-11-26

Autor: Gabriel

Ana Estela Haddad, esposa do ministro da Fazenda Fernando Haddad, expressou sua visão sobre a modernização do Sistema Único de Saúde (SUS) e a importância da tecnologia no atendimento à saúde. Após anunciar que todos os 5.570 municípios e 26 estados, além do Distrito Federal, agora fazem parte do sistema digital do SUS, Ana Estela destacou que essa transformação busca garantir que os cidadãos tenham acesso a informações de saúde na palma da mão.

Com um investimento histórico de R$ 464 milhões, esta iniciativa representa o primeiro passo significativo para a digitalização do SUS. O objetivo é demarcar um novo caminho no cuidado com a saúde, principalmente em regiões remotas, onde a tecnologia pode fazer a diferença. "Agora, os cidadãos poderão acessar seus históricos médicos, agendar consultas online e ter uma visão clara de seus exames e medicamentos", reforçou.

Ela também abordou a resistência que alguns médicos tiveram quanto às consultas virtuais, particularmente nos primeiros dias do telessaúde, que foram introduzidos em 2006. O crescimento exponencial na adoção dessa prática durante a pandemia, onde apenas três municípios se opuseram à adesão do SUS digital, exemplifica a mudança de mentalidade da comunidade médica.

A integração de dados e a criação da Rede Nacional de Dados em Saúde foram outros tópicos em foco. "No último ano, o volume de dados registrados cresceu 25 vezes. Precisamos garantir que esses dados sejam usados para criar políticas públicas eficazes", afirmou. Além disso, Ana Estela ressaltou que, até o próximo dia 28, uma nova comunicação entre secretarias estaduais e municipais será implementada, permitindo uma troca mais efetiva de informações.

Quando questionada sobre a natureza inclusiva do sistema digital, Ana destacou a necessidade de um plano bem planejado. "Estamos criando critérios que garantem que os recursos cheguem a quem realmente precisa, sem deixar de lado a equidade. A OPAS e a OMS estão observando nosso processo e nos utilizando como modelo na América Latina. Temos grandes desafios, especialmente na Região Norte, onde o acesso à saúde é ainda mais dificuldade", lamentou.

Ana Estela compartilhou um exemplo impactante da telemedicina quando, em maio deste ano, a comunidade quilombola Boa Vista, no Pará, recebeu atendimento especializado por meio de tecnologia remota. Este tipo de assistência não só melhora o acesso a cuidados médicos, mas também gera pesquisas significativas, como demonstrado pelos estudos realizados pela Universidade Federal de Minas Gerais.

Ademais, Ana mencionou as iniciativas do governo para implementar inteligência artificial (IA) no SUS, anunciando que o Brasil pretende se tornar um produtor de sua própria IA e não apenas um usuário, com um cômputo de R$ 23 bilhões destinados a essa finalidade. A ideia é usar essa tecnologia para aprimorar diagnósticos e facilitar o acesso à saúde, prevenindo doenças no futuro.

Em relação ao tema da vacinação, Ana Estela reconheceu os desafios enfrentados no rastreamento e na distribuição de vacinas. Com o sistema atual em fase de melhorias, espera-se uma rastreabilidade em tempo real do processo.

Por fim, Ana Estela também compartilhou um vislumbre de sua vida pessoal, mencionando a rotina com seu marido, o ministro Fernando Haddad, e como tentam manter momentos em família. "A vida pessoal é complexa de se equilibrar em épocas intensas de trabalho. Mas mesmo durante os desafios, buscamos momentos a sós, mesmo que raramente".

E, claro, como a saúde dela? "Mantenho uma dieta saudável e estou de volta à dança, algo que sempre amei. Isso me ajudou a estar atenta à minha saúde e bem-estar, um reflexo do empoderamento que procuramos promover no SUS". Ana Estela Haddad continua sua luta por um sistema de saúde mais inclusivo e acessível a todos.