Esportes

Atletas Enfrentam Desafios e Custos Pessoais para Apoiar Mudanças no COB

2024-10-04

Atletas brasileiros da Comissão de Atletas do Comitê Olímpico do Brasil (COB) se mobilizaram para eleger Marco La Porta como candidato de oposição para a presidência da entidade, enfrentando grandes desafios e utilizando recursos próprios para isso. Sua participação foi crucial para a derrota do atual presidente, Paulo Wanderley.

A Comissão de Atletas detém 19 dos 55 votos do colégio eleitoral, e os atletas decidiram apoiar La Porta de forma unânime. No entanto, a data da eleição coincidiu com competições em andamento, complicando a presença de vários representantes. Um dos membros, Jade Barbosa, estava em lua de mel, e muitos atletas estavam fora do Brasil, uma vez que o COB só cobre despesas de passagens aéreas nacionais.

Um dos atletas que teve que arcar com seus próprios custos foi Gustavo Guimarães, conhecido como Grummy, jogador de polo aquático. Ele fez uma longa viagem de Cali, na Colômbia, onde estava disputando o Campeonato Sul-Americano. Grummy viajou durante a madrugada do dia da eleição, enfrentando uma jornada de oito horas via Bogotá para assegurar sua presença. "Foi no meio do Campeonato Sul-Americano, mas é por um bem maior. Não podia deixar meus companheiros na mão. Eu tinha um compromisso com quem votou em mim", afirmou.

As dificuldades de logística foram notadas por outros atletas, como Jacqueline Mourão, que competiu em mountain bike e esqui cross-country, e atualmente mora no Canadá. Ela expressou a importância de sua participação: "Fui eleita para representar os atletas na Comissão de Atletas, e era meu dever estar aqui em um momento tão histórico. Mesmo morando longe, sentia que precisava investir na minha presença, pois nossas ações têm impacto no futuro do esporte."

Além dos desafios logísticos, a eleição gerou polêmica devido à tentativa de reeleição de Paulo Wanderley. Questões jurídicas sobre a legalidade de sua candidatura surgiram, já que a legislação limita a reeleição em confederações olímpicas a dois mandatos consecutivos. Apesar disso, o COB considerou sua candidatura válida.

Fabiano Peçanha, presidente da Comissão de Atletas, justificou o apoio ao candidato La Porta: "Reconhecemos o trabalho do Paulo Wanderley, mas acreditamos que o que é melhor para o esporte olímpico é apoiar La Porta. A continuidade de Wanderley na presidência poderia pôr em risco a governança do COB. A capacidade gerencial e a experiência de La Porta e Yane também foram fatores importantes na nossa decisão."

Esse episódio ressalta um momento de mudança significativo no esporte olímpico brasileiro, onde os atletas estão mais engajados em suas representações e na luta por governança e transparência em suas entidades.