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Aumenta a Pressão sobre Lula com Galípolo no Banco Central

2025-01-05

Autor: Lucas

O recém-nomeado Galípolo, ex-número dois de Fernando Haddad no Ministério da Fazenda, traz consigo uma visão política e econômica que parece mais alinhada às estratégias do governo atual, o que levanta questões sobre a autonomia do Banco Central (BC) e o futuro da política monetária no Brasil. Indicando Galípolo, Lula busca controlar a narrativa em torno da política econômica e evitar a responsabilidade por quaisquer resultados insatisfatórios provocados por decisões do BC.

Desde a autonomia do Banco Central, estabelecida em 2021, a dinâmica entre a instituição e o governo se tornou bastante tensa. Antes disso, o presidente da República tinha liberdade para indicar ou demitir o chefe do BC quando desejasse. Com a nova lei, o presidente é obrigado a indicar um nome que já possui um mandato definido, o que torna mais difícil a troca entre os dois poderes.

Lula não esconde sua frustração ao ter que lidar com um presidente do BC indicado por Bolsonaro, o que se reflete nas suas críticas e posicionamentos públicos. Ele frequentemente menciona Henrique Meirelles como um exemplo de um ministro que operou com mais liberdade e sucesso durante seu governo. Meirelles, em seus mandatos, supostamente tinha mais controle sobre as decisões monetárias, algo que o presidente considera desfavorável na administração de Campos Neto.

Atualmente, o Brasil enfrenta uma inflação situada acima da meta de 3%, o que levou o BC a implementar sucessivas elevações na taxa Selic. O aumento da Selic tem o objetivo de reduzir o consumo para controlar a inflação, mas afeta diretamente o cidadão comum, a economia e o setor produtivo, gerando angústia nos empreendedores e nas famílias.

A política de juros implantada pelo BC contrasta fortemente com a visão de Lula, que busca impulsionar o consumo e aumentar a circulação de moeda na economia. O presidente sempre defendeu que o crescimento da indústria está intrinsicamente ligado à capacidade de consumo da população, afirmando que "muito dinheiro na mão de poucos é miséria, enquanto pouco dinheiro na mão de muitos é prosperidade".

A última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) voltou a desagradar o presidente, ao elevar a Selic para 12,25% ao ano, o que desencadeou um descontentamento no governo. Notavelmente, essa foi a maior alta desde maio de 2022 e, segundo previsões, novas elevações deverão ocorrer, atingindo potencialmente 14,25% em um futuro próximo.

Galípolo também tem demonstrado uma perspectiva que não necessariamente mimetiza a do governo, como evidenciou em suas declarações ao descartar a ideia de que o Brasil esteja diante de um "ataque especulativo". Tal posicionamento expõe um possível hiato entre as diretrizes que o governo espera seguir e as decisões que Galípolo pode tomar, reforçando que ele agirá com autonomia.

Diante desse cenário, Lula poderá enfrentar um dilema, uma vez que Galípolo é um de seus indicados, e será um desafio para o presidente se distanciar de críticas que fez à administração anterior do BC.