Recentemente, a Região de Campinas (SP) tem enfrentado um crescimento alarmante no número de atendimentos e internações relacionados à trombose. Os dados divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde mostram que o número de atendimentos ambulatoriais por trombose saltou de 285 em 2022 para 478 em 2023, representando um aumento de 67,7%. As internações também tiveram um crescimento significativo, passando de 514 para 635, uma alta de 23,5%.

Em janeiro de 2023, foram registrados 41 atendimentos ambulatoriais e 35 internações por trombose na região. Essa escalada nos casos levanta preocupações sobre a saúde da população e os fatores que podem estar contribuindo para essa situação crítica.

Relatos Impactantes de Pacientes

Os relatos de pacientes que enfrentaram essa condição são alarmantes. Talita Pires, uma empreendedora ativa que costumava praticar corrida e pedalar, começou a sentir uma dor intensa em sua perna, que inicialmente acreditou ser muscular. "Era uma distensão, pensei, mas a dor foi piorando ao ponto de eu não conseguir colocar o pé no chão", compartilhou Talita. Após ser diagnosticada com trombose venosa profunda, ela passou por um tratamento com anticoagulantes por seis meses, mas felizmente conseguiu retornar à sua rotina de exercícios.

Por outro lado, o motorista Leandro Marques teve um destino muito mais trágico: devido à trombose, teve que amputar uma das pernas. "Senti uma pressão intensa na perna, como se estivesse sendo esmagada. Três dias depois, descobriram que eu precisaria amputar para sobreviver", relatou Leandro, que compartilhou que a trombose em sua família pode ser herdada, já que seu pai também falecera em decorrência da mesma condição.

O Que Está Por Trás do Crescimento?

O aumento nos casos de trombose pode ser atribuído a vários fatores, conforme explica o cirurgião vascular Leandro Rossetti. O envelhecimento da população e o sedentarismo são as principais causas. O sedentarismo provoca a estase, uma situação em que o fluxo sanguíneo é prejudicado, aumentando o risco da doença. Além disso, a ocorrência de câncer e o impacto da pandemia de COVID-19, que gerou um aumento das inflamações vasculares, também são fatores que contribuíram para o aumento dos casos, segundo Rossetti.

Opinião de Especialistas sobre Tratamentos

A fisioterapeuta Keitiane Nascimento, que atua em clínicas de reabilitação, observou que a maioria dos pacientes atendidos apresenta complicações cardiovasculares. Quando a amputaçãp é necessária, o paciente deve aguardar para colocar uma prótese e, após dois meses, é possível retornar a andar. Os efeitos físicos da trombose podem incluir inchaço abrupto, dor intensa e alterações de temperatura, deixando os membros afetados avermelhados e rígidos.

Necessidade de Alerta e Cuidado

Esses dados e relatos ressaltam a importância de estar atento aos sinais do corpo. A trombose, muitas vezes, pode ser silenciosa até que se torne crítica. A orientação é clara: qualquer sinal de dor intensa ou inchaço nas pernas deve ser tratado como emergência médica, e a população deve ser incentivada a buscar atendimento imediato para a realização de exames e diagnósticos precoces.

O cenário é preocupante, mas com conscientização e cuidados adequados, é possível lidar com essa ameaça à saúde pública. A prevenção e o tratamento eficaz são essenciais para salvar vidas e garantir uma melhor qualidade de vida para os afetados.