Após desgastar significativamente a produção energética da Ucrânia, a Rússia intensificou suas ações contra a já debilitada indústria metalúrgica ucraniana, que desempenha um papel crucial na economia nacional.

O avanço das forças de Vladimir Putin em direção a Pokrovsk, um hub logístico na província de Donetsk, representa não apenas um risco para a defesa da Ucrânia, mas também a possibilidade de um colapso completo na produção de aço do país, que já está em crise devido ao conflito que se arrasta há quase três anos.

Recentemente, foram divulgados relatos de que a única usina de coque da Ucrânia em Pokrovsk foi forçada a fechar. A produção de coque é essencial, pois é utilizada como a principal fonte de carbono nos altos-fornos para a fabricação de aço, um componente vital para diversas indústrias, incluindo a construção e a fabricação de armas.

Para agravar a situação, a região abriga o maior complexo de minas de carvão do país. Com a captura da cidade de Pischane por tropas russas, as estimativas de monitoramento indicam que batedores estão a menos de 2 km de Pokrovsk, resultando na evacuação de minas da área, o que coloca em xeque a sustentabilidade econômica da região.

Historicamente, antes da invasão russa, a indústria metalúrgica e siderúrgica respondia por 30% das exportações da Ucrânia e equivalia a cerca de 10% do seu PIB. No entanto, esses números já eram bem inferiores aos níveis anteriores ao início da guerra civil no Donbass em 2014.

O Donbass, que compreende as regiões de Donetsk e Lugansk, foi um centro vital da produção metalúrgica durante a era soviética. Em 2015, a capacidade produtiva da Ucrânia era de 42 milhões de toneladas de aço por ano; em 2021, esse número caiu para 27 milhões de toneladas, e atualmente, a capacidade instalada está limitando-se a 18 milhões de toneladas.

De acordo com a OCDE, apenas 7,6 milhões de toneladas foram realmente exportadas, e analistas do setor alertam que esse número pode despencar para apenas 2 milhões de toneladas se a usina de Pokrovsk cair nas mãos russas. Além disso, das 13 usinas siderúrgicas do país, apenas 5 estão em operação, e em Mariupol, tomada pelos russos em 2022, duas das três principais usinas foram completamente paralisadas.

Desde fevereiro de 2022, o Donetsk se tornou o principal foco do conflito, com a Rússia tentando expandir seu domínio na área a um alto custo humano, estimado em cerca de 1.500 mortes diárias do lado russo. A infraestrutura na região continua a ser desenvolvida, indicando um investimento contínuo nas operações militares.

A pressão da Rússia pode aumentar com a expectativa da nova administração de Donald Trump, que assume na próxima semana e já expressou uma visão favorável ao Kremlin. Isso levanta preocupações sobre as negociações de paz, uma vez que Putin parece disposto a dialogar, mas somente em seus próprios termos.

Enquanto isso, a Ucrânia intensifica seus ataques assimétricos, utilizando drones e mísseis de maior alcance fornecidos pelos EUA, numa tentativa de manter sua presença militar ativa. No entanto, há uma crescente preocupação sobre o destino das alianças internacionais, especialmente em relação à colaboração entre Putin e a Coreia do Norte, um assunto delicado que poderá influenciar a política externa dos EUA sob a próxima administração.