A Fhoresp (Federação de Hotéis, Bares e Restaurantes do Estado de São Paulo) anunciou, na sexta-feira (22.nov.2024), um boicote ao Carrefour. A decisão surge após declarações do CEO da rede francesa, Alexandre Bompard, que afirmou que a empresa não vai mais comprar carnes de países do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai).

Em um comunicado, a federação criticou o posicionamento do Carrefour, chamando-o de "carregado de ideologismo" e contestantando os argumentos usados por Bompard, que estão alinhados com os protestos de agricultores franceses contra o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. A Fhoresp expressou sua indignação, afirmando que tal declaração é um ataque à qualidade das carnes brasileiras, que são reconhecidas mundialmente.

"Somos mais de 500 mil empresas apenas no Estado de São Paulo que deixarão de comprar do Carrefour enquanto essa rede continuar a desqualificar nossa carne e a questionar sua qualidade, que é comprovada internacionalmente. Pedimos o engajamento e a adesão de toda a categoria de Hotelaria e Alimentação nesse movimento, até que a varejista reverta esse posicionamento errôneo e desrespeitoso", declarou Edson Pinto, diretor-executivo da Fhoresp.

O posicionamento de Bompard, que afirma que os produtos sul-americanos não atendem às exigências da França, tem gerado reações negativas. A Fhoresp considera essa postura "estritamente protecionista e desrespeitosa", além de ser prejudicial a toda a cadeia produtiva nacional.

"O Carrefour, que se beneficia do mercado brasileiro e é a maior rede varejista do país, com mais de 500 lojas, deveria mostrar mais respeito pelos produtos que sustentam seus acionistas. É inaceitável que uma empresa que prospera em solo brasileiro adote práticas que ignoram a qualidade e o trabalho árduo dos nossos produtores", criticou Pinto.

Vale destacar que a decisão de Bompard impacta apenas as operações na França; os estabelecimentos do Carrefour em outros países continuarão a vender carne sul-americana.

Esse boicote é um sinal claro de que o acordo Mercosul-União Europeia enfrenta desafios significativos. Agricultores europeus já expressam suas preocupações sobre a competição desleal que produtos sul-americanos podem representar, e este fato está sendo amplamente discutido em meios de comunicação e fóruns agrícolas na Europa.

Enquanto essa situação se desenrola, o setor de alimentos no Brasil deve se unir e fortalecer sua imagem global. A expectativa é que um movimento conjunto possa reverter a percepção negativa e reafirmar a qualidade das carnes brasileiras no mercado internacional.