Bernardo Garicochea dedicou sua vida à medicina e, em especial, ao tratamento do câncer, que se tornou sua verdadeira missão. Ele se especializou em oncogenética e abordou também doenças raras, tornando-se mentor de diversos colegas ao longo de sua trajetória.

Nascido em Porto Alegre no dia 17 de janeiro de 1961, Bernardo formou-se em medicina na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Prosseguiu com mestrado e doutorado em farmácia pela USP. Seus estudos o levaram a um pós-doutorado em biologia da leucemia na Royal Postgraduate Medical School em Londres e em genética humana no Memorial Sloan Kettering Cancer Center de Nova York.

Embora pudesse ter uma carreira brilhante fora do Brasil, Garicochea decidiu retornar ao país para difundir o conhecimento sobre a genética do câncer, área ainda pouco reconhecida na época.

Em São Paulo, ele se destacou como médico chefe no laboratório de análises do Incor e atuou como assessor em biologia molecular no renomado laboratório Fleury. Entre 2014 e 2017, foi médico oncologista, oncogeneticista e coordenador nas áreas de ensino, ética e pesquisa em oncologia no Hospital Sírio Libanês.

Sua jornada na Oncoclínicas começou em 2017, onde teve a missão de criar e liderar um grupo nacional de oncogenética, contribuindo significativamente para o avanço desta especialidade no Brasil.

Em 2023, Bernardo se tornou membro do comitê de oncogenética da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, um reconhecimento de sua contribuição à medicina.

Andreza Souto, uma médica oncologista cuja carreira foi impactada por Garicochea, comentou: "Ele era uma pessoa que gostava de estudar, que estava ali por amor. Ele entendia as nuances da genética, abordando a biologia molecular de forma profunda, enquanto muitos focavam apenas na prática."

Além de seu conhecimento científico, Bernardo era famoso por ser um contador de histórias nato, sempre divertido e sensível. Amigos relataram que era impossível não sair sorrindo após as interações com ele. "Ele tinha uma mente inquieta, pensava em mil coisas ao mesmo tempo, tinha uma cultura imensa. Sua paixão por história da arte, antiguidades e vinhos o tornava um ótimo sommelier", disse Andreza.

Bernardo faleceu aos 63 anos, no dia 11 de outubro, em casa, em São Paulo, devido a complicações cardíacas, poucos dias antes de uma cirurgia.

Ele deixa um legado que vai além da medicina, sendo lembrado por sua esposa Cristina e suas filhas Júlial, Sofia e Bia.

Em homenagem ao seu impacto na oncologia, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica decidirá que um de seus prêmios de pesquisa receberá o nome de Bernardo Garicochea, perpetuando assim sua contribuição e amor pela medicina.

A comunidade médica sente profundamente sua falta, e seu legado continua a inspirar novas gerações de profissionais na área da saúde.