Bíblia é considerada 'material escolar' em iniciativa explosiva no Texas
2024-11-21
Autor: Matheus
Recentemente, um polêmico projeto no Texas sugeriu que a Bíblia fosse adotada como material escolar, especialmente em aulas de redação, artes e línguas, utilizando passagens do livro de Gênesis e outros trechos significativos.
A medida, apoiada pelo governador republicano Greg Abbott, permite que escolas que optarem por implementar a Bíblia em suas currículos recebam um subsídio do estado de US$ 60 por aluno. No entanto, críticos da proposta tempestivamente apontam que isso cria uma discriminação em relação às crianças que vêm de famílias diferentes, como as ateias ou de outras religiões.
O debate não é novo e a proposta surgiu na esteira de uma série de iniciativas que buscam integrar a religião ao sistema educacional público, assim como a recente lei que permite capelães religiosos atuarem nas escolas.
Professores se mobilizam contra a decisão!
A Federação Americana de Professores se manifestou contra a proposta, alegando que essa integração da Bíblia viola a separação entre igreja e estado, além de comprometer a liberdade acadêmica. "Os materiais adotados não podem atender a todos os estudantes em diversos contextos", afirma um comunicado da entidade.
Grupos de defesa da liberdade religiosa, como a Texas Freedom Network, criticam a medida, alegando que ela promove um proselitismo que marginaliza outras tradições religiosas e não é adequada para uma população escolar tão diversificada.
Por outro lado, defensores da implementação da Bíblia afirmam que ela pode enriquecer o conhecimento dos alunos sobre questões religiosas e culturais. Glenn Melvin, porta-voz da iniciativa, argumenta que a leitura da Bíblia não implica em conversão, já que muitos estudiosos não são cristãos.
O cenário nacional de uma guerra cultural
A situação no Texas é parte de uma tendência maior nos Estados Unidos, onde muitas escolas estão enfrentando pressão para banir livros e materiais de ensino. Dados da Pen America revelam que cerca de 10 mil livros foram banidos nas escolas americanas no ano letivo 2023-2024, refletindo uma epidemia de censura cultural. Isso inclui obras selecionadas com base em critérios ideológicos, sem uma diretriz clara sobre o que é considerado "apropriado".
Com pelo menos dez novas leis aprovadas que simplificam o banimento de livros, estados como Flórida e Iowa têm estado na linha de frente dessa censura, propondo que bibliotecas escolares remova obras em nome da proteção das crianças.
A lei em Iowa, que entrou em vigor em 2023, limita a oferta de livros nas escolas, permitindo apenas os considerados "adequados para a idade" e excluindo discussões sobre gênero e sexualidade, resultando na proibição de milhares de obras de uma só vez.
Enquanto isso, a crescente influência do nacionalismo cristão nas políticas, acentuada por grupos de apoio a Trump, intensifica a luta cultural nos EUA, levantando questões sobre a real liberdade religiosa e a pluralidade que as escolas públicas deveriam promover. Essa proposta no Texas pode ser vista como um reflexo de um país cada vez mais polarizado, onde a educação é um campo de batalha para crenças e ideologias.