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Biden é Superado por Xi na Disputa pela América Latina

2024-11-22

Autor: Fernanda

Duas fotografias recentes retratam a concorrência entre os Estados Unidos e a China na América Latina, uma região abundantemente rica em recursos naturais. Nas imagens, o presidente chinês, Xi Jinping, é visto em destaque ao lado de líderes latino-americanos, enquanto Joe Biden aparece em segundo plano ou, em uma das ocasiões, nem está presente.

As circunstâncias por trás das fotos são descritas oficialmente: durante a cúpula da Apec no Peru, a disposição dos líderes era em ordem alfabética, favorecendo a presença da China, já que 'U' para 'United States' fica mais para o final. Na reunião do G20 no Rio de Janeiro, assim como diplomatas dos EUA explicaram, Biden chegou após a captura da imagem em grupo.

No entanto, essas imagens simbolizam a crescente influência da China na América Latina, uma região que por muitos anos foi considerada o quintal dos EUA.

A disputa por esta região é criticial devido à riqueza em recursos que ela possui: 57% das reservas de lítio, 37% das de cobre, quase um quinto do petróleo mundial e um terço da água doce e florestas primárias do planeta. Sendo assim, Xi Jinping fez uma visita de Estado ao Peru e anunciou a construção de um porto gigantesco de US$ 3,5 bilhões, destinado a transformar o comércio marítimo entre a América Latina e a China.

Biden, em contrapartida, trouxe para a mesa uma doação de nove helicópteros Black Hawk para um programa hein, mas menos impactante, de combate ao narcotráfico, além de trens usados para o metrô de Lima, oferecendo um contraste gritante.

No Brasil, que detém a maior economia da região, Xi foi recebido com honras enquanto Biden se apressava para retornar aos EUA após sua visita à Amazônia, onde somente anunciou uma modesta doação de US$ 50 milhões para um fundo de conservação de meio ambiente.

O comércio entre a China e a América Latina cresceu de forma explosiva - de apenas US$ 12 bilhões em 2000 para impressionantes US$ 450 bilhões em 2023. A China agora é o principal parceiro comercial da maioria dos países da região, exceto no caso do México, que mantém relações comerciais especiais com os Estados Unidos.

Nos últimos anos, Pequim tem direcionado seus investimentos em setores estratégicos, principalmente em minerais críticos, energia elétrica e infraestrutura de transporte digital. Margaret Myers, especialista em China e América Latina, observou que 60% dos investimentos chineses na região estão focados em alta tecnologia, uma área de interesse mútuo.

Alex Contreras, ex-ministro das Finanças do Peru, afirmou que qualquer investimento é bem-vindo em uma região com déficit de recursos; ele destacou a preferência por investimentos, sejam eles chineses ou de qualquer parte.

Contudo, a resposta dos EUA a essa crescente influência da China tem sido decepcionante. A Parceria das Américas para a Prosperidade Econômica, uma iniciativa promovida por Biden, carece de recursos reais e se mostra mais simbólica do que eficaz.

Com as próximas eleições presidenciais nos Estados Unidos, a possibilidade de Donald Trump retornar ao poder pode sinalizar um cenário ainda mais desafiador, dando à China um papel ainda mais proeminente na economia da América Latina. A expectativa é que, caso Trump se eleja novamente, pouco se mude em termos de comércio e investimento dos EUA na região, o que pode levar a um distanciamento ainda maior entre Washington e seus antigos aliados latino-americanos. O embate entre as superpotências continua, e a América Latina se torna um campo de batalha crucial nesta disputa global.