O Bitcoin (BTC) sofreu uma queda significativa de 12% nos últimos sete dias, marcando sua primeira desvalorização semanal desde a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais de novembro. Nesta segunda-feira (23), a maior criptomoeda do mundo estava sendo negociada a US$ 93.375, uma queda considerável em relação ao seu pico histórico de US$ 108.353, alcançado no dia 17 de dezembro.

A recente queda começou na quarta-feira (18), após o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos indicar que reduzirá o ritmo de cortes nas taxas de juros no próximo ano. Este movimento é um reflexo de uma taxa de desemprego estável e uma leve melhora na inflação, que influenciam diretamente a confiança do mercado.

Assim como outros ativos de risco, o desempenho das criptomoedas geralmente se correlaciona com as mudanças nas taxas de juros dos EUA. Normalmente, essas moedas tendem a se valorizar quando as taxas caem, já que um ambiente de juros mais baixos eleva o interesse dos investidores por ativos de maior risco, enquanto, em tempos de taxas elevadas, investimentos mais seguros, como os títulos do governo, tornam-se mais atraentes.

Ana de Mattos, analista técnica e trader da Ripio, comenta que a direção do preço do Bitcoin no curto prazo está intimamente ligada ao comportamento do mercado. Segundo ela, os níveis de suporte para o Bitcoin podem ser encontrados em US$ 90.230 e US$ 87.500. “O volume financeiro que entrou no mercado indica que existe uma forte absorção por parte dos compradores. No entanto, para que o preço inicie uma nova alta, precisamos ultrapassar a resistência de curto prazo nos US$ 99.600”, explica.

Sean McNulty, diretor de negociações da Arbelos Markets, alerta que o preço do Bitcoin deve se manter em torno de US$ 90 mil até o final do ano. Contudo, ele adverte que se o preço cair abaixo desse patamar, poderemos ver mais liquidações no mercado.

Além disso, David Lawant, chefe de pesquisa da FalconX, projeta um cenário volátil até o final de 2024, seguido de uma possível recuperação no primeiro trimestre de 2025. Ele destaca que no dia 27 de dezembro haverá um grande vencimento de contratos de opções que pode impactar significativamente o mercado. De acordo com dados da Deribit, a exchange de opções de criptomoedas, cerca de US$ 15 bilhões em contratos estão programados para serem expirados nesse dia, o que representa uma fração significativa da atividade total do mercado.

Benefícios da queda

Apesar das preocupações, Tasso Lago, especialista em criptomoedas e fundador da Financial Move, acredita que os fundamentos do setor permanecem sólidos. “Esta queda é apenas um ruído de curto prazo, causado pelas informações do Fed, e vejo nela uma oportunidade para investidores”, afirma. Ele ainda adverte que novos investidores devem estar cientes da alta volatilidade do mercado de criptomoedas, que é muito maior em comparação com os mercados tradicionais.

Previsões futuras continuam otimistas, com a gestora VanEck projetando que o Bitcoin pode alcançar até US$ 180 mil no primeiro semestre de 2025. O Standard Chartered, por outro lado, antecipa que pode chegar aos US$ 200 mil até o final de 2025, impulsionado pela entrada de capital institucional e pelo suporte dado por Trump ao setor.

Cuidado com os riscos

Entretanto, é crucial ressaltar que investir em criptomoedas envolve riscos consideráveis, especialmente devido à sua volatilidade. Especialistas recomendam que os investidores analisem cuidadosamente o mercado e considerem alocar apenas fundos que não sejam essenciais para suas finanças diárias.

Com o cenário de incerteza e as possíveis oscilações de preço, a grande pergunta permanece: será que o Bitcoin verá dias melhores ou enfrentará novas quedas? Fique atento às movimentações e prepare-se para agir rapidamente.