Boicote Palestino Impulsa Sucesso da Chat Cola na Cisjordânia
2024-11-17
Autor: Matheus
Crescimento da Chat Cola na Cisjordânia
Caminhões da Chat Cola, a inovadora marca de refrigerante palestina, tomaram conta da frente da fábrica em Salfit, na Cisjordânia. A latinha vermelha, com letras brancas em um estilo cursivo reminiscentes da Coca-Cola, surge como uma firme alternativa às marcas multinacionais, que enfrentam acusações de apoio a Israel.
"Desde que a guerra começou, notamos um aumento significativo na demanda por nossos produtos", revelou Fahed Arar, proprietário da Chat Cola, em uma entrevista à agência AFP. Ramallah, a capital da Cisjordânia, também sente a transformação: Julien, um proprietário de restaurante, agora mantém suas prateleiras abastecidas quase exclusivamente com a opção local, abandonando completamente a Coca-Cola.
Aumento nas Vendas de Produtos Locais
As vendas de produtos palestinos estão disparando—um reflexo do crescente apoio a economias locais. Mahmud Sidr, gerente de um supermercado na região, confirmou que o interesse por refrigerantes locais aumentou de forma exponencial no último ano.
Reação da Coca-Cola e Imagem da Marca
A Coca-Cola, muitas vezes considerada como um símbolo do imperialismo americano, enfrenta um desgaste em sua imagem no contexto atual. Apesar de a marca não ter vínculos diretos com fornecimento de produtos a soldados israelenses, a percepção negativa se intensificou, especialmente em relação à intensa assistência militar que os EUA oferecem a Israel durante o recente conflito, iniciado após os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023.
A resposta da Coca-Cola às críticas foi a de que não apoia nenhuma religião ou causa política, mas essa posição não parece atenuar o boicote crescente. Um gerente da National Beverage Company, que engarrafa a Coca-Cola na região, revelou à AFP que as vendas da marca americana caíram até 80% nas redes de varejo.
Ações do Ministério da Economia Palestino
Além disso, o Ministério da Economia palestino está intensificando suas ações contra produtos israelenses, com mais de 300 toneladas de mercadorias sendo destruídas nos últimos meses, após alcançarem a data de validade. Essa luta não é apenas uma questão de preferência; é uma tentativa de construir uma economia mais autêntica e sustentável entre os palestinos.
Necessidade de Alternativas Locais
Raja Khalidi, do Instituto Palestino de Pesquisa em Política Econômica, destacou a necessidade de alternativas locais de qualidade acessíveis. "O desejo de consumir produtos palestinos aumentou, mas a limitação na capacidade produtiva ainda é um grande obstáculo", explicou.
Impacto Regional do Boicote
Em um movimento paralelo, já na Jordânia, o conglomerado Majid Al Futtaim Group decidiu fechar suas operações do Carrefour após um boicote orquestrado por ativistas, refletindo um sentimento similar por toda a região.
Planos de Expansão da Chat Cola
Não só a indústria de refrigerantes palestina está em ascensão; a Chat Cola, que começou suas operações em 2019, planeja expandir internacionalmente, com um novo local planejado na Jordânia para atender à crescente demanda.
Desafios na Produção
Entretanto, a produção não está isenta de desafios. Arar comentou que a empresa está enfrentando dificuldades devido à retenção de matérias-primas na fronteira com a Jordânia, resultando em uma capacidade de apenas 10% a 15% da demanda atual.
Símbolos de Identidade e Resistência Econômica
Os uniformes dos funcionários da fábrica de Salfit carregam a inscrição "Gosto Palestino" acompanhada da bandeira da Palestina, simbolizando não só um senso de identidade, mas também um apelo à auto-suficiência e resistência econômica. O que antes era visto como uma alternativa, agora se estabelece como um declínio da influência americana em meio à crescente conscientização e solidariedade regional.