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Bolívia de Arce em crise: 5 anos após a renúncia de Evo Morales

2024-11-10

Autor: Mariana

Neste domingo (10 de novembro de 2024), a Bolívia marca cinco anos desde a polêmica renúncia do ex-presidente Evo Morales (MAS, de esquerda), que se afastou do poder em meio a acusações de fraude eleitoral e pressão das forças armadas. Naquele momento, a popularidade de Morales estava em declínio e o clima de instabilidade política tomava conta do país andino.

Após deixar o país apressadamente, Morales se exilou primeiro no México e depois na Argentina. Ele retornou à Bolívia logo após Luis Arce, seu ex-aliado e ex-ministro da Economia, assumir como presidente. A volta triunfante de Morales, acompanhada por uma caravana de cerca de 800 carros, sinalizou uma luta interna no Movimento ao Socialismo (MAS) pela liderança e controle do partido.

Entretanto, Evo Morales não só enfrenta a batalha política contra Arce, que busca a reeleição, mas também foi alvo de sérias acusações: investigações de estupro de menores. Essas acusações datam de um relacionamento alegado com uma menina de 15 anos em 2016 e sua suposta vida compartilhada com outras quatro durante seu exílio. Morales nega as acusações, afirmando ser uma vítima de perseguição política por parte do governo Arce.

A tensão política se intensificou quando o carro de Morales foi alvo de tiros em Cochabamba, um incidente que ele atribuiu ao governo. Apesar disso, o ex-presidente optou por desmobilizar os protestos em um esforço para "pacificar" o país, mas as manifestações contra ele e o governo continuam se intensificando, refletindo a divisão na sociedade boliviana.

Luis Arce, por sua vez, também enfrenta dificuldades. A economia da Bolívia sofreu um colapso significativo desde a sua posse, e ele não conseguiu restaurar a popularidade de seu governo. Com a alta inflação e um recente suposto golpe em junho, Arce enfrenta crescente descontentamento, que atinge sua legitimidade e força política.

As recentes tensões chegaram ao Congresso, onde aliados de Morales interromperam uma sessão com protestos contra Arce, mostrando a fragilidade da unidade dentro do MAS. Apesar da luta pelo controle político, a eleição de novos líderes da câmara e do senado acabou dividindo ainda mais o partido.

A decisão do Tribunal Constitucional Plurinacional (TCP) em ratificar que Evo Morales não pode concorrer a qualquer cargo político, incluindo um quarto mandato, adiciona mais complexidade à crise política. As eleições gerais estão marcadas para 2025, mas a situação interna do MAS e a insatisfação popular podem interferir nesse processo.

Durante o mandato de Morales, de 2006 a 2019, a Bolívia experimentou significativos avanços sociais e econômicos, mas seus últimos anos foram marcados por crescente descontentamento. As contestações eleitorais de 2019 que resultaram em sua renúncia evidenciam os perigos da polarização política e social.

Hoje, a Bolívia vive um cenário de incerteza. A crise econômica e a incapacidade do governo Arce de capturar a essência do legado de Morales provam que os desafios ainda são muitos. A próxima eleição será crucial não apenas para o futuro do MAS, mas para a estabilidade do país como um todo. A pergunta persiste: quem realmente governará a Bolívia nos próximos anos?