Bolsonaro se defende de acusações de tentativa de golpe e fala sobre riscos de prisão
2024-11-26
Autor: Lucas
O ex-presidente Jair Bolsonaro negou veementemente qualquer envolvimento em um suposto plano golpista e afirmou que sempre respeitou a Constituição. Ao chegar a Brasília após passar uma temporada de férias em Alagoas, ele declarou: "Nunca debati golpe com ninguém. Se alguém viesse falar de golpe comigo, eu perguntaria: 'E o day after? Como a gente fica perante o mundo?'. A palavra golpe nunca esteve no meu dicionário e jamais faria algo fora das quatro linhas da Constituição".
Bolsonaro também demonstrou que está ciente da possibilidade de prisão, afirmando que pode ser detido a qualquer momento. A declaração surge após a recente detenção de quatro generais e um agente da Polícia Federal que são suspeitos de envolvimento em um conspiração golpista. "Eu posso ser preso agora, ao sair daqui (do aeroporto) - disse.
Durante a conversa, o ex-presidente comentou sobre o Projeto de Lei da Anistia que prevê benefícios para aqueles condenados pela invasão dos Três Poderes em 8 de janeiro. Ele acredita que um colegiado discutirá o tema ainda este ano e mencionou que há um acordo com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sobre o assunto.
Bolsonaro reafirmou que seu indiciamento não está ligado ao projeto em discussão e tentou justificar suas ações. Em uma recente postagem em suas redes sociais, ele argumentou que "os atos em si, mesmo que apenas planejados, são odiosos, mas não criminosos", sugerindo que poderiam ser tratados de forma administrativa, e não penal.
Importante notar, entretanto, que a investigação revelou a existência de uma reunião entre Bolsonaro e os altos comandos das Forças Armadas em dezembro de 2022, onde o ex-presidente teria apresentado ideias sobre o uso de medidas legais, como a Garantia da Lei e da Ordem e o Estado de Sítio, para impedir a posse do presidente Lula. Isso acendeu ainda mais as suspeitas contra ele.
O ex-comandante do Exército, Freire Gomes, declarou que, durante esse encontro, Bolsonaro demonstrou sua disposição de utilizar esses mecanismos, mas enfrentou resistência de outros oficiais. Gomes chegou a ameaçar Bolsonaro de prisão caso ele seguisse em frente com seus planos.
Além disso, uma outra reunião em julho de 2022 no Palácio do Planalto foi mencionada na investigação. Durante esse encontro, Bolsonaro incitou seus aliados a tomarem medidas antes das eleições, alertando sobre a suposta iminência de uma vitória da esquerda. "Agora, alguém tem dúvida que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições?" - afirmou o ex-presidente, revelando sua preocupação com os rumos eleitorais do Brasil.
Se tudo isso se confirmar, a situação de Jair Bolsonaro pode se agravar. As acusações ao seu entorno estão se acumulando, e os desdobramentos legais podem ser drásticos. A pergunta que fica é: essa pode ser a última cartada de Bolsonaro para escapar da prisão?