‘Brain rot’: Como o conteúdo online de baixa qualidade 'apodrece' o cérebro e o que você pode fazer para evitar isso
2025-01-01
Autor: Carolina
Estamos em 2025! Mas, antes de você se empolgar demais com suas novas resoluções, que tal refletir sobre o que aconteceu nos últimos anos? Especialistas alertam que, a cada dia, os perigos da internet tornam-se mais evidentes.
Recentemente, o termo 'brain rot' (apodrecimento cerebral) ganhou destaque nas redes sociais e nas publicações científicas, evidenciando as preocupações com o impacto do consumo excessivo de conteúdo de baixa qualidade. Segundo estudos, esse fenômeno aumentou em 230% entre 2023 e 2025.
O que muitos não sabem é que esse 'brain rot' não é apenas um jargão, mas uma realidade sustentada por pesquisas científicas. Nos últimos dez anos, estudiosos demonstraram que o excesso de informações sensacionalistas, teorias da conspiração e conteúdos vazios está alterando a estrutura do nosso cérebro. As redes sociais estão reduzindo a matéria cinzenta, diminuindo a capacidade de atenção e prejudicando a memória, de acordo com universidades de renome como Harvard, Oxford e King's College de Londres.
Uma pesquisa publicada no ano passado revelou que o vício na internet provoca mudanças estruturais que afetam diretamente o comportamento das pessoas. O pesquisador Michoel Moshel, da Universidade de Macquarie, na Austrália, aponta que o 'doomscrolling' — prática de percorrer incessantemente feeds de notícias ruins — explora a nossa predisposição a buscar novidades, principalmente as que são alarmantes. Isso é algo que, no passado, nos ajudou a sobreviver, mas hoje pode ser uma armadilha.
A rolagem infinita dos feeds sociais nos prende em um ciclo sem fim, fazendo com que usuários – especialmente adolescentes – consumam conteúdo por horas a fio. Moshel destaca que isso pode saturar nosso foco e alterar como percebemos o mundo ao nosso redor.
O psicólogo clínico Eduardo Fernández Jiménez, do Hospital La Paz, na Espanha, adverte que a exposição a constantes estímulos nas redes sociais prejudica a denominada atenção sustentada, essencial para processos de aprendizado acadêmico. Isso acontece porque os usuários frequentemente pulam de uma notificação do Instagram para uma mensagem do WhatsApp, afetando a capacidade de se concentrar em tarefas por tempo prolongado.
Pesquisadores têm alertado sobre esse problema há mais tempo do que imaginamos. Em 2005, o The Guardian já questionava o impacto das constantes distrações, citando uma pesquisa que mostrava uma queda de 10 pontos no QI de pessoas que usavam e-mail e celular com frequência. Com a chegada de tweets e o crescimento explosivo da popularidade das redes sociais, a situação só se agravou.
Um estudo recente encontrou que o uso excessivo da internet pode estar relacionado à diminuição da matéria cinzenta nas áreas do cérebro que regulam emoções, memória e controle de impulsos – funções cruciais para o nosso desenvolvimento pessoal e social.
Essas alterações refletem padrões também observados em dependências de substâncias, como metanfetaminas, indicando que esse comportamento pode ser mais prejudicial do que muitos imaginam. Além disso, a pesquisa descobriu que adolescentes com problemas de saúde mental têm maior propensão a consumir conteúdos superficiais, exacerbando seus sintomas.
Diante disso, o psicólogo Carlos Losada propõe algumas soluções para evitar o 'doomscrolling'. Ele sugere reconhecer o problema, desconectar-se da tecnologia e realizar atividades que promovam interação social, como praticar esportes e sair com amigos. Essas práticas são fundamentais para manter a saúde do cérebro.
Moshel ressalta que o consumo consciente de conteúdo também é vital para modular as mudanças anatômicas no cérebro. Então, da próxima vez que você sentir a tentação de rolar a tela sem parar, lembre-se: o que está em jogo é sua saúde mental e cerebral. Não deixe que o 'brain rot' tome conta! Que escolhas você fará para evitar essa armadilha?
Se você quer fortalecer seu cérebro neste ano, considere adotar hábitos saudáveis, como meditação, leitura de livros e atividades ao ar livre. Proteger sua saúde mental é tão importante quanto cuidar da sua saúde física!