
Brasil: Oportunidade Única de Liderar a Transição Energética em um Mundo em Mudança
2025-04-03
Autor: Pedro
Se você pensa que a transição energética é uma luta atual, pare tudo! Na verdade, o Brasil está nessa jornada há mais de 50 anos, desde a primeira crise do petróleo na década de 1970. Naquela época, enquanto muitos países se desesperavam em busca de novas reservas de petróleo, o Brasil enxergou uma chance de inovar e se reinventar.
A escassez de recursos fósseis levou o país a intensificar a exploração das hidrelétricas e desenvolver programas de etanol que, na prática, não apenas mitigaram os efeitos da crise, mas também plantaram sementes para um futuro energético sustentável.
Com o advento dos anos 2000, o Brasil deu um passo ainda mais audacioso ao investir em fontes renováveis. O Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas) foi um divisor de águas, promovendo a energia eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas. E não parou por aí: na última década, os investimentos em energia solar dispararam, contribuindo para a redução de custos e aumentando a acessibilidade para os consumidores.
Hoje, o Brasil está posicionado como um dos protagonistas da transição para uma economia global de baixo carbono. No entanto, esse potencial só será atingido se os esforços forem ecológicos e justos no plano interno, garantindo proteção ao consumidor e justiça tarifária.
A recuperação da indústria nacional, que viu sua participação no PIB cair de 46% em 1984 para aproximadamente 20% em 2022, é crucial para fortalecer nossa posição. Segundo o Banco Mundial, essa retração é uma oportunidade para a indústria brasileira adotar práticas de descarbonização, lançando produtos com baixa pegada de carbono e atraindo novos investimentos.
Além de bens intermediários como ferro esponja e silício metálico – que, se produzidos com energia limpa, ajudam a descarbonizar as economias mundiais – o Brasil também pode se beneficiar do chamado 'powershoring', que combina mão de obra qualificada e infraestrutura robusta.
No entanto, essa transformação não será automática. O país precisa urgentemente de uma posição proativa, promovendo programas como o Nova Indústria Brasil e apresentando nossas vantagens competitivas no cenário global da energia limpa.
Não podemos esquecer que a descarbonização exige esclarecimento e exemplos práticos para outras nações. Fabricar biocombustíveis sem aumentar o desmatamento ou produzir hidrogênio de baixas emissões a partir de biomassa são caminhos que mostram que o Brasil pode ensinar o mundo a crescer de maneira sustentável.
Mas atenção: garantir a qualidade das nossas matrizes energéticas não é certo. A construção de novas usinas térmicas ou a dependência de infraestruturas de petróleo e gás pode comprometer nossas conquistas, aumentando os custos e limitando a inovação por décadas.
Lembre-se da história: nos anos 1950, o Brasil capitalizou sobre o otimismo da industrialização e expandiu consideravelmente sua infraestrutura. Agora, o mundo nos oferece uma nova chance com a neoindustrialização verde.
Mas essa oportunidade é frágil e pode não durar para sempre. Não perca a chance de transformar nosso potencial em um papel de liderança global na transição energética. O tempo é agora!