A Importância do Investimento em Hidrogênio Verde

Em um cenário global em que US$ 2 trilhões serão investidos em energia limpa em 2024, o Brasil enfrenta um desafio crítico: apenas 15% desses investimentos estão sendo direcionados para países em desenvolvimento, que representam 65% da população mundial. Este dado alarmante foi destacado por Fatih Birol, diretor-executivo da Agência Internacional de Energia (AIE).

Durante a reunião do G20, Birol expressou preocupação com a desigualdade nos investimentos em energia limpa, defendendo que o Brasil deve tomar a dianteira na implementação de projetos de hidrogênio verde, uma fonte promissora para a descarbonização global. "O Brasil deve levar o hidrogênio a sério. Precisamos de investimentos substanciais nesta área", ressaltou.

Desigualdade nos Investimentos e Mudanças Climáticas

As mudanças climáticas estão criando um mundo dividido entre matrizes energéticas limpas e sujas, o que pode trazer consequências devastadoras a todos os países, independentemente de onde as emissões estejam ocorrendo. "As emissões de Detroit, Tóquio ou São Paulo têm efeitos globais", afirmou Birol.

Oportunidades para o Brasil e a Produção de Hidrogênio Verde

Uma recente pesquisa da AIE indicou que a produção de hidrogênio verde pode aumentar em 30% até 2030, o que representa uma enorme oportunidade para o Brasil, que possui vasta disponibilidade de recursos renováveis. No entanto, Birol alerta que a participação do hidrogênio na matriz energética do Brasil e da América Latina não deve ser significativa antes de 2030, devido às disparidades de custo em relação a outras tecnologias.

Processamento Local de Minerais e Competitividade Econômica

Além do hidrogênio, Birol sugeriu que o Brasil não apenas exporte seus minerais críticos, mas também busque processá-los localmente para gerar valor agregado, como a fabricação de baterias, aumentando a competitividade e a autonomia econômica do país.

Combustíveis Sustentáveis e Transição Energética

O especialista também mencionou a importância de se adotar uma ampla gama de combustíveis sustentáveis no curto prazo, argumentando que regras muito rígidas podem dificultar a transição energética para países mais pobres. Isso poderia favorecer a implementação gradual de novas tecnologias.

Globalização de Padrões e Comércio Internacional

Outro ponto crítico abordado foi a necessidade de globalizar padrões para combustíveis sustentáveis, o que facilitaria o comércio internacional e beneficiaria mercados emergentes como o Brasil.

Conclusões e Urgência em Agir

Birol enfatizou que a transição energética é um momento de transformação crucial. "Estamos em um ponto de mudança, e o Brasil está bem posicionado para aproveitar essas oportunidades, especialmente no que diz respeito às tecnologias de energia limpa e hidrogênio verde. Muitas coisas vão mudar mais rapidamente do que as pessoas percebem", concluiu.

A urgência em agir é clara. O mundo não pode esperar até que seja tarde demais para implementar soluções eficazes na luta contra as mudanças climáticas e garantir um futuro energético sustentável.