As mudanças climáticas estão causando estragos e seus efeitos são irreversíveis. O café, uma das bebidas mais amadas mundialmente, não ficou imune a essa crise. No final de abril, o preço do quilo do café nas pratileiras dos supermercados era de R$ 29,18. Quatro meses depois, o valor saltou para R$ 39,63! Esta não é uma simples oscilação; é uma nova e alarmante realidade para os amantes do café.

No Brasil, a história é ainda mais preocupante. A estiagem prolongada e o calor excessivo marcaram o cenário dos últimos meses, afetando diretamente a produção. Após enfrentarmos anos de adversidades climáticas, como geadas na safra 2021/2022 e chuvas irregulares na 2022/2023, agora estamos vendo os resultados: a produção de café despencou.

Com o Brasil cultivando mais de um terço de todo o café do mundo, a situação aqui leva a uma crise que se estende a nível global. O Vietnã, o segundo maior produtor de café, poderia ser a luz no fim do túnel, mas lá também os efeitos climáticos estão sendo devastadores e as safras estão comprometidas. Não há para onde correr!

O cultivo do café requer condições específicas que estão sendo cada vez mais difíceis de encontrar. A variedade arábica, a mais sensível, precisa de temperaturas amenas e chuvas nas épocas certas. Com o aquecimento global, essas condições estão se tornando raras, e estima-se que até 50% das áreas atualmente propícias para o cultivo poderão ser perdidas.

Além disso, a frequência de eventos climáticos extremos está aumentando. As safras estão cada vez mais vulneráveis a secas, geadas e chuvas excessivas, o que deixa os produtores em uma situação de desespero.

Estamos vivendo tempos em que o clima já não é mais previsível. Nos últimos 14 meses, temperaturas recordes foram registradas em várias partes do mundo. O historiador Stephen Pyne designa esta era como o "Piroceno", caracterizada por mudanças drásticas e extremas que são comparáveis às transformações que ocorreram durante a Era do Gelo, mas desta vez, dominadas pelo fogo.

Quando indagados sobre a possibilidade de uma queda nos preços do café, os produtores expressam sua impotência diante de um clima tão instável. A resposta é simples: depende do clima. E como se sabe, a agricultura é uma indústria a céu aberto, vulnerável a todos os caprichos da natureza.

Como resposta a esses desafios, muitos cafeicultores estão começando a adotar práticas de agricultura regenerativa, embora tardiamente. A intenção é clara: mitigar os efeitos das mudanças climáticas para garantir sua própria sobrevivência. Não se trata de uma tentativa de benefício, mas de uma questão de sobrevivência!

O panorama climático já virou. Embora existam esperanças de alívio temporário nos preços do café, possivelmente em 2025, a tendência é que os preços continuem subindo no longo prazo. Prepare seu bolso, porque sua xícara de café pode custar muito mais do que você imagina!