As mudanças climáticas e as ondas de calor estão causando um colapso crítico nos níveis de oxigênio dissolvido (OD) em lagos ao redor do mundo, com consequências devastadoras para os ecossistemas aquáticos.

A pesquisa publicada na renomada revista Science Advances, liderada pelos cientistas Shi Kun e Zhang Yunlin, do Instituto de Geografia e Limnologia de Nanquim, em parceria com universidades de prestígio da China e do Reino Unido, revela que 83% dos lagos monitorados sofreram desoxigenação significativa. A situação é alarmante: a taxa de desoxigenação em lagos é muito superior à dos oceanos e rios, um indício claro da gravidade da crise.

Utilizando dados coletados ao longo de duas décadas, a equipe analisou mais de 15 mil lagos globalmente. Os resultados mostram que o aquecimento global reduz a solubilidade do oxigênio na água, sendo responsável por 55% da desoxigenação observada. Além disso, a eutrofização, provocada pelo excesso de nutrientes, contribui com cerca de 10% da perda total de oxigênio.

As ondas de calor, fenômeno que se intensifica a cada ano, provocam efeitos imediatos, reduzindo o oxigênio na superfície dos lagos em até 7,7% em relação às condições normais. Esses dados indicam que, se não forem implementadas estratégias eficazes de mitigação e adaptação, os ecossistemas de água doce estarão em sério risco.

As consequências dessa crise são diretas: a redução do oxigênio compromete a vida aquática, afetando peixes e outras espécies dependentes desse elemento vital. Além disso, isso pode levar à proliferação de algas tóxicas, que conseguem prosperar em águas com baixo oxigênio, criando um ciclo vicioso de degradação ambiental.

O estudo é um chamado urgente à ação para líderes políticos e gestores ambientais em todo o mundo. Medidas efetivas devem ser tomadas para enfrentar essa crescente ameaça à qualidade da água e à biodiversidade, visando preservar os lagos e seus ecossistemas para as futuras gerações.