Calor Extremo: Uma Ameaça Silenciosa que Mata Mais que Furacões
2024-12-17
Autor: Gabriel
O Brasil testemunhou nove episódios de ondas de calor devastadoras até outubro deste ano, com eventos extremos afetando todo o território nacional. As regiões mais impactadas estão na Amazônia, onde o risco climático é alarmante. Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) revelam que a média de dias com calor extremo saltou de apenas sete dias por ano na década de 1990 para mais de 50 dias atualmente. Essa mudança drástica aponta para uma tendência preocupante em nossa realidade climática.
Recentemente, a cidade de Goiás (GO) registrou uma temperatura escaldante de 44,5°C em 6 de outubro. O Rio de Janeiro não ficou atrás, com uma marca recorde de 43,2°C no bairro Guaratiba em 28 de novembro. Em outras partes do Brasil, como Cachoeiro de Itapemirim (ES), as temperaturas atingiram 40,3°C. Mato Grosso do Sul não ficou imune a essa onda de calor, com Aquidauana registrando 42,8°C e Corumbá alcançando 42,5°C, enquanto a sensação térmica se aproximava de 50°C.
Mas o que exatamente é a sensação térmica? É a temperatura que sentimos na pele devido à combinação de fatores como a temperatura do ar, a umidade e a velocidade do vento. Em lugares litorâneos, por exemplo, mesmo um termômetro marcando 40°C pode nos fazer sentir quase 50°C devido a essa interação.
A exposição prolongada a essas temperaturas extremas traz consequências diretas para a saúde. O estresse térmico, um estado psicofisiológico causado pela combinação da atividade física e do calor ambiental, pode se tornar letal, especialmente para grupos vulneráveis como bebês e idosos. Com temperaturas de bulbo úmido (WBGT) acima de 35°C e umidade relativa em 100%, muitos não sobrevivem mais que uma hora.
Em uma escala global, o calor extremo não é uma exclusividade do Brasil. O dia mais quente já registrado na Terra ocorreu em 22 de julho de 2024, com uma temperatura média de 17,16°C, segundo dados do Copernicus. Este recorde é um sinal claro de que estamos vivenciando uma emergência climática sem precedentes. Entre 2023 e 2024, a temperatura média global passou a ter anomalias cada vez maiores, refletindo a gravidade da situação.
A NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA) prevê com 99% de certeza que 2024 será o ano mais quente já registrado, e o Copernicus confirma que será o primeiro a ultrapassar 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Essa elevação dos níveis de temperatura não é um acidente, mas uma consequência direta do aumento das concentrações de gases de efeito estufa, exacerbado pelo fenômeno El Niño, que foi um dos mais intensos já observados.
Por trás desses números alarmantes, a realidade é ainda mais sombria. Cada fração de grau a mais pode resultar em impactos severos, como a perda de biodiversidade, o aumento de eventos climáticos extremos e crises de saúde pública.
Para enfrentar essa realidade, soluções baseadas na natureza emergem como essenciais na adaptação às mudanças climáticas. Elas não apenas reduzem os riscos climáticos – como secas, ondas de calor e inundações – mas também trazem benefícios adicionais, como a proteção da biodiversidade e a segurança alimentar.
Estamos em um ponto crítico, e é responsabilidade de todos nós agir. Neste cenário, a ação coletiva é a chave para reverter essa tendência devastadora.