Imagens de câmeras de segurança capturaram o momento em que um homem em uma moto transportou os atiradores até o quiosque do Nanã, na Barra da Tijuca. A investigação conduzida pela Delegacia de Homicídios, em colaboração com o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público, confirmou que o 'batedor' foi crucial para o planejamento do crime, guiando os criminosos desde a Cidade de Deus até a orla da Barra.

Na manhã desta sexta-feira, 20, a Polícia Civil, junto ao Ministério Público, executou uma operação para prender Giovani, apontado como o condutor do veículo que levou os assassinos ao local onde acreditavam encontrar um miliciano. Outros indivíduos também estão sendo investigados, e mandados de busca e apreensão foram emitidos.

Francisco Glauber Costa de Oliveira, conhecido como GL, teve um mandado de prisão cumprido e já se encontra detido no Complexo de Gericinó. Ele é suspeito de ter autorizado a execução dos médicos vítimas da confusão.

As autoridades, incluindo a Delegacia de Homicídios da Capital, a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), realizam buscas nas ruas da Cidade de Deus em busca de outros envolvidos.

Os médicos estavam participando de um congresso de ortopedia e desceram para jantar no quiosque quando foram confundidos. Perseu Ribeiro Almeida, um dos profissionais, foi erroneamente identificado como o miliciano Taillon de Alcântara Barbosa. O ataque resultou na morte de Perseu, Marcos Andrade Corsato e Diego Ralf de Souza Bonfim, enquanto Daniel Sonnewend Proença, que recebeu múltiplos disparos, sobreviveu.

Após o término das investigações, o Ministério Público também denunciou líderes e integrantes do Comando Vermelho, que tinham conhecimento do plano e participaram ativamente dele. Entre os denunciados estão Edgar Alves de Andrade, Carlos da Costa Neves, Juan Breno Malta Ramos Rodrigues, e Francisco Glauber Costa de Oliveira.

Um ano de investigação revelou que houve uma confusão total na identificação do alvo, resultando em tragédias horríveis para famílias inocentes. Taillon é filho de Dalmir Pereira Barbosa, considerado um dos chefes de uma milícia que opera em Rio das Pedras, na Zona Oeste.

O apartamento de Taillon estava a poucos metros do local do ataque, e a semelhança física com Perseu levou um informante não identificado a compartilhar informações erradas sobre sua presença no quiosque, onde estaria acompanhado por seguranças. Ambos, Taillon e seu pai, foram presos no final de 2023 por outras infrações.

Perseu e outros três médicos estavam hospedados em um hotel em frente ao quiosque e decidiram sair para um jantar em grupo. Ao se conscientizar da confusão, a liderança do Comando Vermelho optou por eliminar todos os envolvidos no ataque aos médicos. Quatro dos cinco traficantes envolvidos foram assassinados poucas horas depois do incidente, incluindo o atirador que disparou contra Perseu.

Philip Motta Pereira, conhecido como Lesk, o mentor do ataque, foi assassinado na porta de sua residência. Ele fora o responsável por comunicar as ordens durante o ataque.

Um quinto envolvido, Elias Thiago Reis, conhecido como Militão, que dirigiu o carro usado na ação, foi poupado inicialmente, mas perdeu a vida em um tiroteio um mês e meio depois, ao tentar roubar um veículo, revelando a criminosa espiral de violência na região.

Dois médicos, Marcos de Andrade Corsato, de 62 anos, e Perseu Ribeiro Almeida, de 33 anos, perderam suas vidas tragicamente em um erro que poderia ter sido evitado. Marcos era assistente no Instituto de Ortopedia e Traumatologia da USP, enquanto Perseu era especialista e acabara de celebrar seu aniversário dois dias antes do ataque, em 3 de outubro. A comunidade médica e a sociedade clamam por justiça em meio a essa tragédia.